Quando se fala em moda, imediatamente pensamos em tendências, catálogos de temporada e aquelas peças que vemos as celebridades usando. No entanto, há uma realidade que não muda: aquela peça de roupa que temos um carinho especial e que, independente das tendências, acabamos vestindo repetidas vezes.
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Por que será que vestir essas roupas favoritas tem um impacto tão profundo em nós? E qual é a relação entre essas peças e a sustentabilidade?
Peças que representam a nossa identidade
Todos temos aquele jeans que parece ter sido feito sob medida ou aquela camiseta que, de alguma forma, traduz exatamente quem somos. Essas peças são a nossa identidade tangível, o nosso refúgio confortável em meio a um mundo em constante mudança.
Ruth Barrett, que vive em Newcastle, Inglaterra, descreveu seu cardigã preferido como “quase como um abraço usável”. Para ela, esse cardigã foi muito mais do que uma simples peça de vestuário. Foi uma companhia em momentos felizes e também um consolo em dias mais sombrios.
Acontece que, como Barrett, muitos de nós formam ligações profundas com determinadas roupas. Mark Sumner, professor da Escola de Moda de Leeds, coloca em perspectiva: “As pessoas guardam as roupas e elas se tornam suas roupas favoritas porque as usaram em um determinado evento”. O fato é que essas peças carregam histórias, memórias e sentimentos.
Mas então, qual seria a ligação entre esses sentimentos e a sustentabilidade?
Bom, temos o hábito de comprar roupas novas e, em muitos casos, relegamos peças antigas ao fundo do guarda-roupa. Esse comportamento tem um custo ambiental.
O grupo ambientalista WRAP estima que o valor das roupas não usadas nos guarda-roupas britânicos chega a cerca de R$ 10 bilhões. E essas são roupas que, como afirma Sumner, “virtualmente nos desfizemos“.
Portanto, ao optarmos por vestir mais vezes nossas roupas favoritas, estamos fazendo uma escolha consciente e sustentável. Ao invés de contribuir para o ciclo consumista de comprar e descartar, estamos valorizando e estendendo a vida útil de cada peça que amamos.
“Toda a energia, água, produtos químicos e até mesmo o trabalho necessário para fabricá-las são desperdiçados”, lembra Sumner. Logo, usar nossas roupas favoritas não é só uma escolha emocional, mas também uma escolha responsável.