Nada mais satisfatório que completar o tanque de combustível do carro e saber que vai rodar por centenas de quilômetros sem se preocupar em abastecer de novo. O problema é que a prática de encher o compartimento até quase transbordar é tão prejudicial quanto rodar sempre na reserva.
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Segundo Everton Lopes, mentor em tecnologia de energia a combustão da SAE Brasil, esse hábito adotado pelos motoristas estraga o filtro de carvão. “Abastecer em excesso o veículo danifica o cânister, que é filtro com carvão ativado responsável por reter os gases provenientes da evaporação do combustível”, explica.
Ao encharcar esse filtro, ele perde toda sua eficiência em filtrar os vapores altamente tóxicos e poluentes que emanam do tanque. Por isso, o especialista recomenda que o motorista deve parar de abastecer assim que o gatilho for desarmado.
Menos eficiência
Outra consequência de rodar com o compartimento lotado de combustível possível é a perda da eficiência do veículo. De forma bem simples, a quantidade de produto necessária aumenta de acordo com o volume de peso a bordo. Quanto mais peso, maior o gasto.
“A cada 100 kg, o consumo sobe 6%”, detalha Lopes.
Embora o valor possa parecer baixo, esse desperdício se acumula com o passar do tempo, provocando grandes perdas no bolso do consumidor. Por isso, se você não quer acabar gastando mais, é bom prestar atenção no nível do tanque.
Dirigir na reserva
Do lado oposto dos exagerados estão aqueles que sempre rodam com o tanque na reserva, hábito altamente condenado pelo manual do proprietário de qualquer veículo. O risco de pane seca é apenas um dos problemas que esse tipo de motorista pode enfrentar, já que ele também pode sentir a consequência no bolso.
Manter o tanque constantemente vazio aumenta o consumo de combustível, por mais estranho que pareça. “O tanque quase vazio significa mais espaço para vaporização do combustível. A taxa de perda por evaporação, portanto, sobe”, afirma o especialista.
É difícil perceber esse efeito no momento, mas pode ter certeza que ele fará diferença a médio e longo prazo.
Abusar da reserva ainda pode entupir o filtro. “Mesmo filtrado, o combustível fornecido pelo posto traz partículas que vão parar no tanque do veículo e depois ficam depositadas no fundo do reservatório. Com nível muito baixo, essas partículas acabam no filtro de combustível”, explica Lopes.
“Essa situação crítica sobrecarrega a bomba e causa sua queima. Mesmo se não houver entupimento do filtro, ela é projetada para estar submersa no combustível, integrada ao corpo da boia. Caso fique exposta, acaba superaquecendo e a chance de queima é elevada”, completa.