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Etarismo no mercado de trabalho: envelhecimento dos brasileiros acende alerta

Dados do IBGE divulgados na última semana levantam preocupações sobre a discriminação baseada na idade.



O Censo 2022, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última sexta-feira (27), revela que a população brasileira está envelhecendo. Os dados acendem o alerta para dois problemas importantes no mercado de trabalho: o etarismo e o gerontariado.

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O etarismo é a discriminação baseada na idade da pessoa. Já o gerontariado é um conceito que mescla os termos gerontologia (estudo do envelhecimento) e “precariado” (trabalhadores privados de direitos básicos). O conceito foi popularizado pelo professor Giovanni Alves, da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo).

Segundo o IBGE, o volume de idosos no Brasil disparou 57,4% entre 2010 e 2022. Onze em cada 100 brasileiros têm mais de 65 anos, e cerca de metade da população já ultrapassou os 35 anos.

A mudança no perfil demográfico cria desafios financeiros para a União, especialmente quando o assunto é a Previdência Social. De olho nessa situação, o governo aprovou em 2019 uma reforma que aumentou a idade mínima e apertou as regras para obter a aposentadoria do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Etarismo no mercado

Para além dos problemas previdenciários, o aumento da idade da população também pode ser encarado do ponto de vista do mercado de trabalho. Um estudo recente feito pela consultoria Ernst & Young em parceria com a agência de treinamento Maturi mostra que 78% das empresas entrevistadas se consideram etaristas. Em nenhuma dessas corporações existem políticas, durante o processo seletivo, para impedir a discriminação por idade.

Outro levantamento divulgado pelo jornal Valor Econômico revelou que, das 258 empresas entrevistadas, 70% contrataram muito pouco ou nenhum candidato com mais de 50 anos nos últimos dois anos.

Crescimento do ‘gerontariado’

Uma das justificativas usadas para prolongar o tempo de trabalho da população é o aumento da expectativa de vida. Mas longevidade não é equivalente a viver bem, além de que, após certa idade, trabalhar deixa de ser uma escolha e passa a ser uma necessidade.

Dados do INSS mostram que 66% dos aposentados ganham apenas um salário mínimo mensal, valor que está longe de garantir segurança financeira às famílias.

“A Reforma da Previdência colocou em evidência a questão do idoso que vai ter uma aposentadoria insuficiente e que vai precisar retornar ao mercado. Aí, muitas vezes, a única alternativa é se submeter a um trabalho precário, justamente pela dificuldade de encontrar um emprego decente que o etarismo gera”, diz Bruno Chapadeiro, professor da UFF (Universidade Federal Fluminense).

A pesquisa do IBGE ilustra a necessidade da criação de políticas para combater o etarismo e garantir empregos descendentes para uma população que, mesmo aposentada, terá que continuar trabalhando.




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