A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou dados que causam preocupações sobre o excesso de uso de agrotóxicos no Brasil. Nas análises do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), 25% dos alimentos de origem vegetal continham agrotóxicos não autorizados ou com limite acima do permitido.
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A pesquisa coletou amostras de alimentos de origem vegetal em supermercados de todas as regiões do país. Os resultados são baseados em 1.772 amostras de brócolis, café em pó, farinha de trigo, amendoim, batata, feijão, mandioca, laranja, morango, repolho, pimentão, quiabo, maracujá e outros produtos.
Os trabalhos foram realizados em 2018, 2019 e 2022, tendo sido pausados em 2020 e 2021 em razão da pandemia do coronavírus.
Excesso de agrotóxicos
Apenas 41,1% dos alimentos analisados não tinham resíduos de agrotóxicos, enquanto 33,9% carregavam substâncias dentro do limite permitido. Em 25% de amostras, havia um agrotóxico não autorizado ou acima do limite permitido.
Em apenas 3 amostras, ou 0,17% do total, foi detectado risco agudo à saúde, com possibilidade de danos ao consumidor em um curto espaço de tempo.
Os dois primeiros anos de pesquisa reuniram 3.296 amostras colhidas em 84 municípios. Os produtos de origem vegetal escolhidos foram: banana, cebola, abobrinha, aveia, couve, mamão, milho, pepino, laranja, maçã, pera, soja, uvas e trigo.
As análises feitas em 2018 e 2019 identificaram que 33,2% dos alimentos não tinham resíduos, 41,2% tinham substâncias dentro do limite e 25,6% levavam agrotóxico não autorizado ou acima do limite permitido. Dezoito amostras, ou 0,55% do total, apresentavam risco agudo à saúde.
Sobre as situações de risco agudo, a Anvisa informou que elas foram pontuais e de origem conhecida. “Para esses casos, a Anvisa vem adotando providências e recomendações com vistas à redução dos riscos identificados”, explicou.
Criado em 2001, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos verifica a quantidade de elementos químicos em produtos alimentícios para orientar a fiscalização em supermercados.