Mesmo com 2023 sendo um ano que representou um ciclo positivo do gado, com muitos animais para abate, os preços cobrados por alguns cortes bovinos não apresentaram grande queda, com algumas exceções. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os valores da picanha e do contrafilé abaixaram, sendo de -2,83% e -12,61% respectivamente.
Veja também: ‘Mapa do Boi’: confira o guia para os melhores cortes de carne bovina
Em contrapartida, o filé-mignon teve um aumento de 3,17%. Porém, em comparação aos últimos 12 meses, o corte teve apenas uma queda no preço cobrado, que recuou -5,87%. No caso da picanha, o preço subiu 2,43% no mesmo comparativo, enquanto o contrafilé teve um aumento de 6,21%.
Qual carne vai ficar mais barata em 2024?
Segundo Hyberville Neto, diretor da HN Agro, o cenário para 2024 não apresenta uma forte queda nos preços das carnes. “Do lado da carne suína e de frango, a gente deve ter uma demanda internacional interessante, com acréscimo nas exportações para o ano que vem. Por outro lado, para a carne bovina, estamos em uma fase de maior oferta de gado, mas para 2024 podemos ver um cenário de preços mais firmes, incluindo o varejo”, explicou em entrevista ao Money Times.
O levantamento realizado pela Scot Consultoria mostrou que a relação entre o salário-mínimo e o preço da picanha está melhor do que em 2022. No último ano, os consumidores conseguiam adquirir 14,6 kg de picanha com o valor do salário-mínimo. Já em 2023, é possível adquirir 17 kg do corte bovino.
Contudo, a quantia ainda está longe de chegar ao registrado antes da pandemia da Covid-19. Em 2019, era possível comprar 20,5 kg de picanha com o piso nacional. Em 2020, a quantia caiu para 19,3 kg com o salário-mínimo. Para Felipe Fabbri, da Scot, os valores não deverão cair muito em 2024, visto que as exportações previstas para o próximo ano devem consumir esse excedente.
Valores podem aumentar em 2024
Por outro lado, o analista de proteína animal da StoneX, Felipe Sawaia, afirmou que 2024 será um ano de virada no ciclo da pecuária. Ou seja, o número de bezerros no mercado irá diminuir, o que aumenta o preço da carne. A previsão de Sawaia indica que os aumentos devem ocorrer na metade do próximo ano.
“A Conab, por exemplo, estima um crescimento de apenas 0,1% na oferta de carne bovina. A partir deste cenário, é possível que tenhamos variações menos intensas nos preços da carne bovina em 2024, ainda mais quando levamos em consideração que os prognósticos para as exportações e para o consumo doméstico também são de estabilidade” explicou Felipe ao Money Times.