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Bancos aprovam consignado, mas não querem abandonar antecipação do FGTS

Instituições financeiras enxergam novidade como forma de complementar as linhas de antecipação do saque-aniversário do FGTS.



O governo federal anunciou que irá facilitar a oferta de crédito consignado privado por meio da nova plataforma FGTS Digital. Ao remover a necessidade de convênio com a empresa empregadora, a ideia é fortalecer uma modalidade que possa substituir o saque-aniversário do FGTS.

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Porém, as instituições financeiras consultadas pelo jornal Valor Econômico não seguem o mesmo plano. Os bancos enxergam a novidade como uma forma de ampliar o consignado privado, que não será um substituto, mas sim uma opção complementar às linhas de antecipação do saque-aniversário do FGTS.

Aproximadamente 35 milhões de trabalhadores optaram pela modalidade alternativa que permite o saque anual dos recursos do Fundo de Garantia. Desse total, 19 milhões solicitaram empréstimos que utilizam o saldo como garantia para antecipação dos valores ao contratante.

Em 2022, cerca de 75% dos clientes que anteciparam o saque-aniversário estavam com o nome sujo (negativados), segundo levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Associação Brasileira de Bancos (ABBC). A taxa de juros média da antecipação foi de 1,79% ao mês, enquanto no consignado privado ela fica em torno de 2,73%, podendo chegar a 8%.

Os bancos estão refazendo a pesquisa para atualizar os dados, mas as informações são bastante úteis para entender o panorama. Quase 90% dos empréstimos ficam abaixo de R$ 3 mil, e mais da metade dos contratantes usam o dinheiro do FGTS para quitar dívidas.

Produtos complementares

Aproximadamente 129 milhões de trabalhadores possuem saldo nas contas do fundo e o novo FGTS pode beneficiar até 44 milhões deles. Para o setor, a antecipação do fundo e o consignado privado se complementam porque possuem perfis diferentes como foco.

“Não é o mesmo perfil de cliente. O consignado privado pode atender, na nossa visão, 20% do público da antecipação de FGTS, e com taxas mais altas”, avalia um executivo do setor.

“O consignado privado vai depender das políticas de crédito de cada banco. Quando a gente faz antecipação do FGTS, ou mesmo consignado INSS, a gente nem olha se o cliente está negativado, mas no consignado privado é diferente”, explica o presidente de um banco de médio porte.

Além disso, o crédito consignado compromete até 35% da renda do trabalhador, que muitas vezes já está com as finanças apertadas. Isso não ocorre no caso de antecipação do FGTS, uma vez que o desconto é feito diretamente no saldo das contas vinculadas.

O Brasil tem hoje R$ 626,197 bilhões em crédito consignado, sendo somente R$ 41,326 bilhões para os trabalhadores do setor privado. “Para alguns executivos do setor, esse ‘consignado privado 2.0’ tem o potencial de atingir o mesmo volume do INSS, mas é óbvio que isso deve levar um tempo, não será do dia para a noite”, completa uma fonte ligada ao segmento.




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