Você usa talco no seu dia a dia? Na última sexta-feira (5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o produto como potencialmente carcinogênico para humanos. Esse alerta foi resultado de um relatório da International Agency for Research on Cancer, parte da OMS, publicado na The Lancet Oncology.
Um grupo de 29 cientistas de 13 países se reuniu em Lyon, França, para avaliar os riscos associados ao talco, principalmente no desenvolvimento de câncer de ovário.
A classificação veio após a constatação de evidências apontando que o talco pode causar câncer de ovário em humanos. Ou seja, pesquisas com roedores também indicaram o potencial cancerígeno desse mineral. A previsão é que, em 2025, a IARC publique uma lista completa de agentes cancerígenos no volume 136 do IARC Monographs.
Talco e o risco de câncer: entenda o alerta da OMS
A OMS destacou duas formas principais de exposição ao talco: entre operários de fábrica, durante a extração, moagem ou processamento do mineral, e entre consumidores finais, por meio de cosméticos e pós-corporais. Desse modo, numerosos estudos indicam um aumento na incidência de câncer de ovário em mulheres que usaram pó corporal na região perineal.
Apesar de muitos desses estudos focarem no talco sem amianto, não se pôde excluir a contaminação com amianto na maioria dos casos.
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Além disso, a situação dos trabalhadores também foi analisada. O relatório menciona que mulheres expostas ao talco na indústria de celulose e papel apresentaram casos de câncer de ovário.
Em animais, a exposição ao talco aumentou a incidência de neoplasias malignas em fêmeas e uma combinação de neoplasias benignas e malignas em machos.
Classificação do talco no grupo 2A
O produto foi classificado no Grupo 2A pela IARC. Esse grupo inclui substâncias consideradas provavelmente carcinogênicas para humanos, baseadas em evidências limitadas em humanos, mas suficientes em animais. Outros exemplos de agentes no Grupo 2A são anabolizantes, carne vermelha, emissões de motores a diesel e o inseticida lindano.
Em 2023, o talco voltou ao centro das atenções quando a Johnson & Johnson enfrentou acusações de que seus produtos causavam câncer. Dessa maneira, a empresa, que negou qualquer ligação entre o talco e o câncer, propôs um acordo bilionário para encerrar as mais de 60 mil ações judiciais.
Em 2020, a marca já havia interrompido a venda de talco nos Estados Unidos e no Canadá, optando por substituir a fórmula por amido de milho.
Futuro do talco e medidas preventivas
O relatório da IARC e as controvérsias envolvendo grandes empresas como a Johnson & Johnson evidenciam a necessidade de cautela no uso de talco.
Ou seja, consumidores e trabalhadores expostos a esse mineral devem ficar atentos às recomendações da OMS e buscar alternativas mais seguras. A publicação da lista completa de agentes cancerígenos em 2025 será importante para informar e proteger a população.