A clássica cena de Jack e Rose na proa do Titanic é uma das mais marcantes da história do cinema. Aqueles dois jovens, de braços abertos, sentindo a liberdade e o vento gelado, são a representação perfeita da esperança em meio à tragédia.
Todavia, enquanto o amor dos personagens se eterniza na ficção, o Titanic, o verdadeiro, afunda cada vez mais no esquecimento do oceano. Após mais de 112 anos na escuridão absoluta, o navio está sendo devorado por bactérias.
Ocorre que uma nova espécie de bactéria vem corroendo a estrutura de aço do navio, fato que acelera seu fim. De seus 269 metros de comprimento, pouco restará nos próximos séculos.
Quando o que até então era um navio partiu naquela trágica noite de 14 de abril de 1912, seus destroços foram espalhados por quilômetros de profundidade.
Hoje, sob o peso da água e o trabalho dos microrganismos, ele está desmoronando.
Titanic: bactérias têm acelerado sua destruição
Espalhadas por toda a estrutura, as bactérias que oxidam ferro formam crostas de ferrugem que parecem estalactites, penduradas nas partes que ainda restam do Titanic.
Entre esses microrganismos, foi encontrada uma espécie batizada de Halomonas titanicae, que se alimenta especificamente do ferro do navio. Cada placa de aço, viga e grade da proa está sendo consumida, tornando a situação do Titanic ainda mais frágil.
Esses organismos, que habitam um biofilme denso de micróbios, fungos e bactérias, não apenas corroem a superfície metálica, mas se multiplicam dentro das rachaduras e fissuras causadas pelo colapso estrutural.
Ilustração compara a situação do Titanic ao longo dos anos. (Foto: BBC News Brasil)
Correntes marítimas também afetam o navio
Embora não sejam tão intensas quanto as da superfície, as correntes submarinas podem carregar detritos, acelerar a corrosão e até movimentar algumas das peças mais frágeis do navio.
A proa do Titanic, onde a cena de Jack e Rose foi filmada, já começa a sucumbir a esses fatores, e o impacto visual desse icônico ponto do navio pode desaparecer completamente em algumas décadas.
Além de arrastar os sedimentos e contribuir para a erosão, elas também podem enterrar partes do navio antes que se dissolvam totalmente. Mas até lá, é possível que outros pedaços históricos, como a grande escadaria e a sala Marconi, sejam completamente perdidos.
Peso do próprio Titanic acelera seu fim
No fundo do oceano, o Titanic está sujeito a uma pressão gigantesca de 40 MPa, o que equivale a 390 vezes a pressão atmosférica na superfície. Esse esmagamento vem afetando o casco e as áreas que ainda estão de pé.
Nesse sentido, o peso de 52 mil toneladas de aço faz com que o navio continue torcendo-se e afundando lentamente no leito marinho. As fissuras, rachaduras e desmoronamentos multiplicam-se, comprometendo a estrutura restante.
Com cada visita dos submersíveis, novas imagens revelam o quanto o Titanic mudou em apenas algumas décadas. A cada ano, grandes pedaços de convés colapsam, incluindo o teto da cabine do capitão, que caiu recentemente.
Não é mais uma questão de “se”, mas de “quando” toda a estrutura entrará em colapso total, tornando impossível futuras explorações detalhadas.
A vastidão de metal do Titanic também criou um ecossistema único no fundo do oceano. À medida que o ferro do navio se dissolve na água, ele atua como uma fonte vital de nutrientes para bactérias, corais e outros organismos que habitam as profundezas.
Contudo, esse processo não é eterno. Pesquisadores estimam que a proa do Titanic perderá suas últimas placas de aço entre 280 e 420 anos.
As seções mais icônicas, como as grades, já começaram a desaparecer, e a tendência é que o restante siga o mesmo destino. Eventualmente, o que restará será apenas uma mancha de óxido de ferro e fragmentos de porcelana no fundo do mar.
*Com informações de BBC Innovation.