A dependência crescente de smartphones e dispositivos digitais está transformando a forma como nosso cérebro armazena e acessa informações. O fenômeno, conhecido como ‘amnésia digital’, ocorre quando deixamos de memorizar dados que consideramos facilmente acessíveis por meio da tecnologia.
Esse comportamento, que facilita a vida no dia a dia, também tem um custo: a redução do esforço cognitivo para memorizar informações.
Nos tempos em que os smartphones ainda não faziam parte do cotidiano, era comum memorizar números de telefone, endereços e datas importantes.
Hoje, porém, muitas dessas tarefas foram externalizadas para dispositivos eletrônicos, impactando nossa capacidade de memorizar e reter informações.
Isso ocorre porque o cérebro tende a economizar energia, evitando armazenar informações que considera desnecessárias, já que podem ser facilmente acessadas com um clique.
Amnésia digital tem se tornado uma realidade – Foto: Canva Pro
Impactos da tecnologia na memória humana
Os efeitos dessa dependência digital são visíveis, principalmente na memória de longo prazo. Estudos mostram que o ato de memorizar e reter informações fortalece as conexões sinápticas no cérebro, o que é essencial para a formação da memória.
No entanto, à medida que passamos a confiar cada vez mais em dispositivos eletrônicos, o cérebro fica ‘preguiçoso’, deixando de exercitar essa função tão importante.
Uma pesquisa realizada pela Kaspersky Lab entrevistou 6.000 pessoas e revelou que, embora a maioria dos participantes conseguisse lembrar o número de telefone da casa onde moravam aos 10 anos, muitos não sabiam de cor o número de seus filhos ou do local de trabalho.
Esse fenômeno afeta especialmente os jovens, já que quase metade dos proprietários de smartphones entre 16 e 34 anos admite que seus dispositivos armazenam quase tudo o que precisam saber ou lembrar.
Além da memória, outros impactos relacionados ao uso excessivo de tecnologia têm sido observados, como distúrbios de sono, falta de foco, aumento da impaciência e até comportamentos ansiosos e depressivos.
O fácil acesso a informações na internet, embora conveniente, pode estar sobrecarregando o cérebro e diminuindo sua capacidade de processar e priorizar o que realmente importa.
Sobrecarga de informações
Outro aspecto que afeta o funcionamento cerebral é o excesso de informações ao qual estamos expostos diariamente. Estima-se que somos bombardeados com cerca de 74 gigabytes de dados por dia, o equivalente a assistir a 16 filmes ou ler mais de 200 mil palavras.
Esse volume imenso de informações pode causar uma ‘fadiga cognitiva’, dificultando a concentração, o foco e a capacidade de armazenar novas informações.
A sobrecarga de dados também prejudica o aprendizado. Com tantas informações disponíveis, o cérebro tem dificuldade em priorizar e consolidar o conhecimento.
O hábito de consumir fragmentos de informações, como posts curtos em redes sociais, impacta negativamente a retenção de conteúdo mais sólido e elaborado.