Durante escavações em vários locais da Europa, mais de 200 pequenos objetos em forma de colher foram desenterrados, gerando especulações fascinantes.
Datados da época romana, esses itens foram encontrados em locais associados à guerra em regiões como Escandinávia, Alemanha e Polônia, partes do território conhecido como Barbaricum. A descoberta levanta questões sobre seu propósito na vida dos combatentes da época.
Apesar de não estarem diretamente ligados a armas ou vestimentas, esses artefatos intrigam por sua presença constante em contextos bélicos. Os arqueólogos acreditam que faziam parte do equipamento-padrão dos guerreiros.
Feitas de madeira ou chifre animal, medem entre 40 e 70 mm, com uma bacia de 10 a 20 mm. Pequenos orifícios nas alças permitiam que fossem carregadas nos cintos.
Teorias sobre o uso das colheres
Pesquisadores especulam que as colheres tinham uma função particular: dosar estimulantes para os guerreiros antes ou durante as batalhas.
Ilustração das “colheres romanas” encontradas – Imagem: Praehistorische Zeitschrift/Reprodução
Um estudo da Universidade Maria Curie-Sklodowska, da Polônia, sugere que elas eram usadas para medir substâncias que aumentavam a energia ou aliviavam o medo. Tais estimulantes, disponíveis entre as tribos germânicas, incluíam plantas psicoativas como beladona, papoula e cânhamo.
Essas plantas, naturais ou transportadas de longe, poderiam ser consumidas de várias formas, como dissolvidas em álcool ou inaladas.
As colheres permitiam medir doses precisas, evitando overdose e atingindo os efeitos desejados, como vigor ou resistência aos horrores da guerra.
Uso além das batalhas
O estudo aponta que o uso dessas substâncias não se restringia apenas às batalhas. Eram utilizadas também para práticas medicinais e possivelmente em rituais.
Em comum com outras culturas antigas, esses rituais poderiam envolver conexão espiritual com a natureza, alterando a consciência para dominar forças físicas e mentais.
Para os autores, a compreensão dos efeitos dessas preparações no corpo humano revela um conhecimento avançado de suas propriedades e métodos de aplicação.
Isso sugere uma tradição de sabedoria popular, focada em finalidades medicinais e rituais, que enriquece o entendimento sobre os usos das colheres pelos combatentes romanos.