No verão de 2023, o renomado mundo acadêmico de Harvard foi abalado por revelações sobre fraude científica. Francesca Gino, uma proeminente professora da Harvard Business School, enfrentou acusações de manipulação de dados, o que levantou questões sobre a integridade das pesquisas.
O escândalo começou quando um blog especializado apontou discrepâncias em quatro dos artigos de Gino e sugeriu que o problema poderia ser ainda maior.
A acusação foi um golpe não apenas para Gino, mas também para a comunidade acadêmica, que passou a questionar os próprios métodos e padrões.
Entre os impactados pelas revelações estava Juliana Schroeder, professora de psicologia e gestão na Universidade da Califórnia, Berkeley, que colaborou frequentemente com Gino. Schroeder iniciou uma auditoria para proteger sua reputação e garantir a integridade de seus próprios trabalhos.
Harvard abriu processo de auditoria para investigar trabalhos acadêmicos suspeitos – Imagem: reprodução/Kesarla Suresh/Unsplash
Investigação e impactos na comunidade acadêmica
A investigação interna da Harvard Business School não foi suficiente para conter os danos. O caso trouxe à tona problemas estruturais na psicologia empresarial, ao destacar práticas questionáveis como a utilização imprecisa de estatísticas e amostras insuficientes.
O projeto ‘Muitos Co-Autores’, liderado por Schroeder, buscou identificar as irregularidades nos 138 estudos assinados por Gino. O objetivo era distinguir entre obras legítimas e aquelas sob suspeita, em um esforço para preservar a credibilidade científica.
Descobertas preocupantes nos estudos auditados
Um dos artigos auditados, “Não Pare de Acreditar”, publicado em 2016, revelou manipulações nos dados dos testes que analisavam o impacto de rituais na redução da ansiedade. Os especialistas externos identificaram tais padrões como uma manipulação deliberada.
Outro estudo auditado, ‘Engajando Rituais para Melhorar o Autocontrole’, publicado em 2018, também apresentou problemas. Erros nos dados favoreciam a hipótese do estudo, o que gerou dúvidas sobre a integridade das conclusões.
O escândalo não apenas afetou as carreiras dos envolvidos, mas também acarretou um debate sobre a necessidade de reforçar a integridade na pesquisa científica.
Schroeder, que reconheceu os próprios erros, defendeu uma mudança cultural na academia a fim de promover mais transparência.
O caso ressalta a importância de práticas de pesquisa responsáveis e a necessidade de uma reflexão mais ampla no campo acadêmico.
Como Schroeder destacou, os cientistas são imperfeitos, mas é crucial que se esforcem por melhorar. A confiança no trabalho científico depende da retidão e da responsabilidade de seus representantes.