Gripe aviária em gatos? Pesquisa aponta preocupações com mutações do H5N1

Gatos podem ser intermediários no rearranjo de vírus gripais, aponta estudo.



Um estudo publicado na revista acadêmica Taylor and Francis Online apontou que gatos domésticos podem representar um risco emergente à saúde pública global.

A pesquisa revelou que esses animais podem funcionar como “vasos de mistura” para a recombinação de vírus influenza aviários e mamíferos, criando potenciais novas cepas com capacidade de infectar seres humanos.

Gatos e a gripe aviária H5N1

gatos
Estudo sugere que gatos podem facilitar mutações da gripe aviária, levantando alerta sobre riscos zoonóticos emergentes. (Foto: Inge Wallumrod/Pexels)

De acordo com os pesquisadores, gatos compartilham características celulares com porcos, já conhecidos como intermediários no rearranjo de vírus gripais.

“A exposição contínua, a circulação viral e a adaptação do vírus H5N1 em gatos levantam preocupações significativas para a transmissão e a saúde pública”, afirmaram os autores do estudo.

Eles alertaram que gatos infectados pela gripe aviária podem desenvolver infecções sistêmicas, eliminando o vírus pelos tratos respiratório e digestivo, o que aumenta a probabilidade de disseminação.

Autópsias e evidências

O estudo analisou autópsias realizadas em dez gatos, incluindo um filhote de seis meses que morreu após contrair H5N1 nos Estados Unidos. Os testes revelaram a presença de mutações específicas no vírus, indicando que ele está evoluindo para se adaptar a mamíferos.

A morte do filhote ocorreu após o consumo de restos de aves infectadas, comportamento comum em gatos que caçam ou têm acesso ao exterior.

Os cientistas observaram que os gatos eliminam o vírus por meio de secreções corporais, criando “múltiplas rotas de exposição aos humanos”. Esse comportamento, aliado ao fato de que muitos gatos compartilham camas e sofás com seus tutores, pode facilitar a disseminação do vírus.

Comparação com pandemias anteriores

A pesquisa comparou a capacidade dos gatos de atuar como intermediários com o papel dos porcos durante a pandemia de gripe suína H1N1 em 2008/2009. Naquela ocasião, mutações do vírus em porcos resultaram em uma pandemia que atingiu milhões de pessoas.

Embora ainda não existam casos conhecidos de gatos transmitindo o H5N1 diretamente a humanos, os pesquisadores alertam que o risco não pode ser descartado.

Os especialistas recomendam maior vigilância em lares com gatos, especialmente para evitar que os animais tenham contato com aves silvestres ou consumam carne crua.

Além disso, destacam a importância de monitorar casos de gripe aviária em felinos para compreender melhor o potencial zoonótico e mitigar futuros riscos.




Veja mais sobre

Voltar ao topo

Deixe um comentário