Como surgiu a lenda de que as cegonhas trazem os bebês?

A história de que as cegonhas trazem bebês tem origens na Europa e envolve mitos, literatura e coincidências naturais. Entenda!



Imagine um céu azul, onde uma cegonha elegante sobrevoa a cidade com um embrulho branco preso ao bico. Dentro dele, um bebê prestes a ser entregue ao seu novo lar. Essa cena já foi retratada inúmeras vezes em histórias, filmes e ilustrações infantis.

Mas de onde vem essa ideia? Por que justamente as cegonhas foram escolhidas para carregar essa simbólica missão? A resposta envolve contos antigos, comportamento animal e até leis romanas.

Uma história com raízes na Europa

A crença de que as cegonhas trazem bebês remonta à Europa, especialmente à Alemanha, onde essa história foi popularizada há séculos.

Um dos principais responsáveis por difundir essa lenda foi Hans Christian Andersen, famoso escritor dinamarquês que, no século XIX, escreveu o conto “As Cegonhas”.

Símbolo de nascimento, a cegonha habita regiões da Europa, África e Ásia, migrando milhares de quilômetros todos os anos. (Foto: no_limit_pictures/Getty Images Signature)

Na história, essas aves mágicas entregavam bebês retirados de uma lagoa para famílias que desejavam ter filhos. Curiosamente, a trama também envolvia um toque sombrio: crianças que zombavam das cegonhas poderiam ser punidas de maneira nada agradável.

Outra versão da lenda sugere que, na antiga Alemanha, acreditava-se que os bebês vinham de cavernas chamadas Adeborsteines, que em tradução livre significa “rocha da cegonha”.

Essas cavernas eram associadas à fertilidade e, com o tempo, essa ligação se fortaleceu, especialmente porque as cegonhas costumavam fazer seus ninhos em locais altos e protegidos.

O papel das cegonhas na mitologia e na cultura

A escolha da cegonha para representar o nascimento dos bebês não aconteceu por acaso. Além de serem aves migratórias que retornam sempre ao mesmo lugar, as cegonhas são conhecidas por sua natureza protetora.

A ciência mostra que essas aves mais jovens costumam cuidar de cegonhas idosas ou feridas, criando uma imagem simbólica de amor e dedicação à família.

Na Roma Antiga, essa ideia era levada tão a sério que existia uma lei chamada Lex Ciconaria (ou “lei da cegonha”), que incentivava os filhos a cuidarem dos pais na velhice.

A associação das cegonhas com proteção e renovação ajudou a reforçar o mito de que elas seriam responsáveis por trazer novas vidas ao mundo.

O ciclo migratório e a conexão com os nascimentos

Outro fator que ajudou a popularizar essa história foi o comportamento migratório das cegonhas. Essas aves costumam partir para o sul no outono e retornar à Europa cerca de nove meses depois – período que coincide com o tempo de uma gestação humana.

Como muitas famílias costumavam celebrar casamentos durante a primavera, era comum que os bebês nascessem justamente na época em que as cegonhas voltavam, criando uma coincidência curiosa que ajudou a fortalecer a lenda.

A lenda das cegonhas se tornou uma forma encantadora e simbólica de falar sobre o nascimento em tempos nos quais o assunto era tratado como tabu. Em muitas culturas, os adultos usavam essa história para evitar conversas sobre concepção com as crianças, mantendo a inocência dos pequenos por mais tempo.




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