O chamado “golpe da fruta” tem gerado uma repercussão negativa para o Mercado Municipal de São Paulo ou apenas Mercadão. O caso veio à tona nas redes sociais após pessoas relatarem terem pago quantias entre R$ 100 e R$ 1,2 mil por bandejas de frutas no espaço por se sentirem constrangidas.
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Em meio aos depoimentos, feitos em um perfil no Instagram com mais de 14 mil seguidores, inúmeros usuários relataram que acabaram pagando pelos produtos com valores abusivos alegando vergonha e até medo.
Enquanto muitos usuários enxergaram a situação como sendo resolvida com apenas um “não” ao vendedor, especialistas em comportamentos explicam que um constrangimento moral pode fazer com que a pessoa realize a compra das frutas sem estar de fato confortável com a situação.
E isso pode estar relacionado ao ambiente criado pelos vendedores, dificultando que a pessoa negue a oferta e siga em frente. No caso de turistas, acaba sendo mais difícil a escapatória. É o que explica Sibele Dias de Aquino, especialista em psicologia do consumidor da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP):
“Tudo começa quando o vendedor já oferece a fruta para que o cliente prove, de graça. Essa questão de oferecer a fruta é uma técnica – óbvio que pode ser que eles não saibam, mas isso tem um efeito psicológico muito forte. É uma técnica de persuasão. Isso pode cativar e envolver a pessoa em uma decisão futura. O nome disso na psicologia social é ‘pé na porta’ porque é exatamente começar introduzindo um comportamento no cliente.”
Mas, afinal, é golpe ou não?
Denúncias feitas por clientes levaram à interdição de três boxes na última semana no Mercadão. De acordo com as imputações, os funcionários costumavam oferecer frutas de graça para que os visitantes experimentassem.
No entanto, em seguida, eles montavam bandejas com valores muito altos. Além disso, a pesagem era feita em gramas ao invés de quilo, o que confundia os consumidores. Segundo relatos, aqueles que se recusavam comprar eram pressionados ou xingados.
Para entender o caso, o especialista em direito do consumidor, Bruno Boris, declara que a prática de não ser claro ao repassar o preço de um produto ao consumidor vai contra as diretrizes do Código da Defesa do Consumidor.
“De fato, o preço deles é muito acima da média, as frutas são até de qualidade, mas existe uma prática de não deixar muito claro para o consumidor o preço que ele irá pagar durante a venda”, disse o especialista.
Segundo ele, para ajudar nessa questão, o cliente, durante a pesagem, deve exigir mais clareza ao vendedor em relação ao preço da fruta para evitar dores de cabeça. Além disso, outra dica é solicitar a nota fiscal por aquilo que foi pago, pois o documento serve de prova para eventuais casos de denúncia no Procon ou Juizado de Pequenas Causas.