Diversas regiões produtoras do Brasil já enfrentam a onda de frio intenso que chegou ao país nos últimos dias. A situação é especialmente preocupante para agricultores de hortaliças, café, milho, banana e cana-de-açúcar, culturas consideradas mais delicadas.
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Na hipótese de as baixas temperaturas e geadas afetarem essas plantações, o consumidor pode ter que comprar produtos de qualidade mais baixa por preços mais altos. Se isso acontecer, a inflação dos alimentos que já castiga o brasileiro vai ficar ainda pior.
Entre os itens da cesta básica que mais disparam nos últimos 12 meses estão o café, as frutas e os legumes. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, batata, alface e tomate são exemplos de alimentos que não resistem às geadas.
Até o momento, não há registros de quebra de safra, mas isso pode ocorrer em breve, dependendo da intensidade do fenômeno climático. Em nota, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) afirmou que monitora a situação de algumas áreas do sul de Mato Grosso do Sul, onde o frio chegou às lavouras de milho.
Novo aumento nos preços
Para Matheus Peçanha, economista e pesquisador do FGV IBRE, o cenário deve acelerar novamente os preços dos alimentos. “As hortaliças e os legumes já sofreram nas últimas geadas. O tomate e cenoura já vinham como produtos com altas significativas de preços e podem voltar a subir. O clima está frustrando todas as previsões da inflação. O café e a cana de açúcar também podem ser bastante afetados”, disse.
Contudo, ainda não é possível prever o tamanho do impacto no bolso do consumidor.
Pesquisadores do Cepea estão especialmente preocupados com o milho, cujas cotações voltaram a subir, apesar da expectativa de safra recorde. Os cafeicultores das regiões Sudeste e Sul também ligaram o sinal de alerta e iniciaram catações iniciais nos cafezais.
Everaldo Oliveira do Nascimento, presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Estado do Rio de Janeiro (BGA-RJ), prevê aumentos para milho, cana-de-açúcar, café, trigo e cevada.
“Nós não temos uma informação precisa sobre uma real alteração e os impactos futuros nos preços, mas sabemos que as folhas sofrem bastante porque queimam com o frio e a geada, assim como tomates, batatas, abobrinhas e frutas diversas”, afirmou.