Especialistas já avaliam os impactos do futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva na economia brasileira. Um dos maiores desafios a serem assumidos pelo petista no dia 1º de janeiro é o controle da inflação do país.
Leia mais: Governo Lula: 3 cuidados a se tomar na hora de investir o dinheiro
Nos 12 meses até setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 7,17%, muito acima do centro da meta do Banco Central (BC), de 3,50%. O indicador é considerado o medidor oficial da inflação.
A pressão inflacionária é resultado de uma série de fatores, como a pandemia de Covid-19, a guerra da Rússia na Ucrânia e o aumento dos gastos do governo de Jair Bolsonaro. Mesmo assim, a expectativa dos especialistas é de desaceleração no curto prazo.
“O que pode mudar de Jair Bolsonaro para Lula é a intensidade com a qual a inflação vai cair, com Lula provavelmente os preços vão cair um pouco menos”, diz Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.
O principal ponto que difere os dois políticos é que Bolsonaro tem uma visão liberal, enquanto o líder petista traz a “pirâmide social” para “dentro da economia”.
“No liberalismo, a característica é que haja uma ajuda mais modesta do Estado para a população, originando uma demanda menor, o que deixa a inflação mais baixa. Já com o Lula, a demanda agregada tende a ser maior, pois há mais apoio econômico à população, o que aumenta seu poder de compra e pode deixar a inflação um pouco mais alta”, completa.
Curto prazo
Para o próximo ano, a previsão é de freio nos preços por conta do aperto econômico iniciado em 2021. A taxa básica de juros (Selic) atualmente está no patamar de 13,75% ao ano, e deve continuar elevada por mais algo tempo.
“Os impactos das decisões do BC tendem a demorar entre 12 e 18 meses para serem sentidos na economia real, por isso só vamos conseguir sentir o poder da alta dos juros contra a inflação principalmente em 2023”, afirma.
A alta dos juros encarece os financiamentos e o crédito, o que ajuda a reduzir o consumo da população, movimento essencial para diminuir a inflação. Na visão dos especialistas, o Banco Central continuará monitorando a situação inflacionária de perto.
Médio e longo prazo
No médio e longo prazo, os economistas preveem que a inflação dependerá do manejo das contas públicas pelo novo presidente. Para Conrado Lima, diretor da Stonex Asset Management, ainda não é possível afirmar qual será a estratégia de gestão do governo Lula.
Mesmo assim, ele acredita que o petista deve apostar na expansão da economia. Considerando essa perspectiva, o maior risco é que tentar forçar um crescimento rápido pode descontrolar as contas públicas.
“Podemos especular ou podemos olhar para o passado. Eu prefiro olhar para o passado. O Lula já esteve no poder e não ignorou o lado fiscal, não foi irresponsável fiscalmente. Riscos existem, mas olhando para o passado, ele oferece riscos aceitáveis para o teto de gastos, para a economia”, finaliza Lima.