Por que carros não ficarão mais baratos mesmo sobrando nos pátios?

Mesmo encalhados, carros não ficarão mais baratos no país após a paralisação de montadoras como GM e Volkswagen no Brasil.



Cinco grandes montadoras, incluindo Volkswagen, GM e Mercedes-Benz, paralisaram a produção no Brasil devido à queda na demanda por veículos novos. A justificativa dada pelas empresas é a necessidade de ajustar a produção à nova demanda do mercado, que se reduziu com o aumento dos juros e o encarecimento dos financiamentos. Mesmo assim, os carros não ficarão mais baratos.

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Os estoques estão em alta, mas isso não deve resultar em uma redução de preços, pelo menos no curto prazo. Isso deve ocorrer graças ao modelo de negócio das montadoras, que investem pesado em inovação, eficiência e eletrificação, e buscam manter as margens de lucro, já que o custo de produção é alto.

Outro ponto é que, apesar de a cadeia logística ter melhorado em 2022, a guerra na Ucrânia trouxe novos impactos em preços de commodities necessárias para a indústria, como metais usados em semicondutores, peças responsáveis pela condução das correntes elétricas.

Além disso, as montadoras enfrentam um mercado altamente competitivo, pois precisam correr contra o relógio para desenvolver veículos que funcionem com novas matrizes energéticas.

Para o professor de mercado automotivo da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), Antônio Jorge Martins, “as montadoras precisam gerar rentabilidade para fazer frente ao desafio de investimentos de conectividade e motorização”. Ele ressalta que a única possibilidade de redução de preços é uma redução nos custos de peças, componentes, semicondutores, logística e até mesmo a desvalorização cambial.

Carros não ficarão mais baratos e juros altos têm culpa na conta

Além de todos os fatores citados, os aumentos da taxa básica de juros, a Selic, feitos pelo Banco Central desde 2021, começaram a trazer consequências mais fortes para a economia.

A dificuldade de concessão de crédito combinada com o encarecimento do crédito reduziu o potencial de financiamento e, por consequência, a demanda por carros novos. Isso tem peso especial no país, já que o brasileiro não tem costume de comprar veículos à vista. Dois em cada três automóveis são adquiridos no Brasil por meio de financiamentos.

Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que janeiro de 2023 começou lento. Comparado ao mês anterior, houve queda de 34% nos emplacamentos de automóveis, veículos comerciais leves, caminhões e ônibus, mesmo que o número seja 12% maior que o observado em janeiro de 2022. Em fevereiro, nova queda: 9% em relação a janeiro. Contra o mesmo mês de 2022, o acumulado também passou ao campo negativo: recuo de quase 2%.

Para evitar um encalhe de novos modelos no estoque de montadoras e concessionárias, as paralisações são necessárias, segundo Martins.

O setor espera que a reforma tributária permita uma expansão de suas atividades. O governo federal considera essa iniciativa como uma prioridade, mas ainda não há uma previsão para quando ela será analisada ou implementada.

Sendo assim, os impactos dessa medida seriam sentidos a médio prazo, já que estimulariam investimentos de outras empresas, mas não resolveriam imediatamente o problema dos preços.




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