No Brasil, uma parcela significativa da juventude enfrenta o desafio de não estudar e nem trabalhar. De acordo com o relatório “Education at a Glance” de 2022, elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país ocupa o segundo lugar entre 37 nações analisadas nesse indicador, ficando atrás apenas da África do Sul. Esse cenário coloca em risco o futuro desses jovens, distanciando-os do mercado de trabalho a longo prazo.
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Jovens nem-nem: um desafio para o Brasil
Um exemplo de perseverança é Carlos Alberto Santos, de 18 anos, que reside em Ferraz de Vasconcelos, na região metropolitana de São Paulo. Após concluir o ensino médio e um curso técnico em administração, Carlos se encontra há dez meses sem emprego. Ele busca incessantemente uma colocação profissional, mas reconhece as dificuldades que os jovens enfrentam no atual mercado de trabalho brasileiro.
A busca por oportunidades de trabalho e estudo na juventude brasileira
Carlos é um dos participantes do Projeto Quixote em São Paulo, onde realizou cursos que visam preparar jovens para o mundo do trabalho e estimular o protagonismo de adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
Com determinação e a vontade de mudar sua realidade, ele segue buscando oportunidades e sonha em seguir a carreira de psicologia futuramente, com o objetivo de ajudar outros jovens em situação semelhante à sua.
Nesse sentido, Carlos reconhece a importância de políticas públicas voltadas para a juventude, como a ampliação de creches públicas, equipamentos de saúde, políticas de permanência estudantil e melhoria dos sistemas de qualificação e intermediação profissional.
O potencial da juventude brasileira e os obstáculos para sua realização
O problema do nem-nem no Brasil está diretamente relacionado à desigualdade socioeconômica. A maioria dos jovens que se encontram nessa situação vem de famílias de baixa renda.
A socióloga Camila Ikuta, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), destaca que muitas jovens mulheres abandonam os estudos para cuidar de tarefas domésticas, filhos e outros familiares, desempenhando um trabalho valioso, mas frequentemente não reconhecido.
Essa realidade se agrava durante a pandemia, que teve impactos significativos na educação e formação profissional dos jovens. O desengajamento do mercado de trabalho por um período prolongado pode deixar uma “cicatriz” profissional, dificultando a reintegração no mercado e levando a condições precárias de trabalho.
Como políticas públicas podem mudar essa realidade
Para reverter esse cenário, é fundamental que políticas públicas focadas na juventude sejam implementadas, com destaque para a busca ativa dos jovens desengajados, oferecendo-lhes oportunidades de qualificação e trabalho.
Além disso, é essencial investir em capacitação socioemocional e mentoria individual para preparar os jovens para o mundo do trabalho, ensinando-os a elaborar currículos e participar de entrevistas de emprego.
Daiane Araújo, porta-voz do Levante Popular da Juventude, destaca a importância de políticas de permanência e assistência estudantil, especialmente para os jovens que vivem em famílias vulneráveis. Além disso, medidas voltadas para o primeiro emprego são necessárias para oferecer oportunidades tanto para os jovens que concluíram o ensino médio quanto para os recém-formados no ensino superior.
A juventude brasileira possui um potencial inegável, e investir em seu desenvolvimento é fundamental para construir um futuro mais próspero e igualitário. Ao criar oportunidades para que os jovens estudem, se qualifiquem e ingressem no mercado de trabalho, estaremos promovendo um ciclo virtuoso de crescimento e desenvolvimento para toda a sociedade.
