Na era da conveniência e economia, a crescente presença de produtos industrializados em nossas refeições pode parecer uma solução prática, mas, lamentavelmente, ela vem com um preço alto: a perda gradual de receitas tradicionais, saberes ancestrais e técnicas artesanais.
Veja também: Falar dois idiomas é igual ter 2 memórias? O que a ciência diz sobre isso
Além disso, a rica biodiversidade brasileira, que tanto orgulho nos traz, muitas vezes se ausenta de nossos pratos. Por isso, em resposta a essa mudança cultural, o movimento Slow Food Internacional deu vida à Arca do Gosto, um catálogo dedicado a alimentos que enfrentam ameaças tanto culturais quanto biológicas.
Diante disso, com mais de 6.162 ingredientes catalogados globalmente, incluindo 235 preciosidades brasileiras, a lista só cresce. Entretanto, por que esses alimentos estão desaparecendo? Além das ameaças óbvias, como desmatamento, pesca predatória e urbanização, temos o triste fenômeno do esquecimento de tradições e legados culinários.
As novas gerações e seu desinteresse
Um dos principais culpados pela extinção de alimentos tradicionais são as novas gerações. Segundo Maísa Mota Antunes, nutricionista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), elas demonstram menos interesse em aprender receitas antigas e preferem valorizar produtos estrangeiros em detrimento dos regionais. A fala consta numa matéria do Estadão.
Ou seja, a ingestão crescente de alimentos ultraprocessados, especialmente por crianças e adolescentes, agrava ainda mais a situação.
13 alimentos brasileiros em risco de extinção
1. Batata-doce roxa: rica em potássio, carboidratos e antioxidantes benéficos para a saúde.
2. Pitanga: uma fruta vermelha repleta de carotenoides, benéficos para a saúde ocular.
3. Queijo da Canastra: tesouro mineiro, feito com leite cru, que luta para preservar sua tradição conforme as normas sanitárias.
4. Pinhão: semente da araucária, com valor cultural e gastronômico, requerendo práticas sustentáveis para evitar a extinção das florestas de araucárias.
5. Pimenta-rosa: uma especiaria encontrada na Mata Atlântica, que precisa ser protegida do desmatamento e promovida por meio do extrativismo sustentável.
6. Castanha de baru: símbolo do cerrado brasileiro, rica em ferro e zinco, precisa de práticas sustentáveis para sobreviver.
7. Palmito juçara: proveniente da Mata Atlântica, ameaçado pelo extrativismo clandestino.
8. Pequi: o “ouro do cerrado”, repleto de nutrientes e gorduras saudáveis, requer ações para sua proteção.
9. Ora-pro-nóbis: uma planta alimentícia não-convencional, rica em vitaminas, sais minerais e proteínas.
10. Goiabada-cascão: um doce típico brasileiro que está desaparecendo das cozinhas devido à praticidade das versões industrializadas.
11. Pirarucu: um peixe da Amazônia que requer leis de proteção durante o período de reprodução e conscientização das comunidades ribeirinhas.
12. Sequilho: uma iguaria tradicional nordestina em declínio devido à disponibilidade de versões industrializadas.
