A história econômica do Brasil é marcada por eventos que deixaram rastros profundos, sejam eles positivos ou negativos. Entre os mais notórios estão a implementação do Real em 1994, ascensão e queda dos Planos Collor I e II, além da crise financeira de 2008, que afetou drasticamente a vida de milhões de brasileiros com investimentos bancários.
Casos iguais aos citados acima já não aconteciam havia muitas décadas. Até o irrompimento do chamado Joesley Day no dia 17 de maio de 2017. A fatídica data mudaria em segundos todos os planos de investidores do Ibovespa, bolsa de valores brasileira, fazendo-os mergulhar em um completo caos.
Joesley Day: o que foi?
O episódio teve início com a notícia de que um áudio gravado por Joesley Batista, dono da companhia JBS, faria ruir o posto do até então presidente Michel Temer. O motivo: no registro havia a acusação de que Temer havia dado o aval para compra do silêncio do deputado Eduardo Cunha que, na época, estava preso acusado de integrar a lista de acusados da operação Lava Jato.
A gravação feita por Batista fazia parte da chamada delação premiada, que reduziria a pena por lavagem de dinheiro e corrupção ao empresário. A ação, que contou com a parceria da Procuradoria Geral da República, deixou em polvorosa o mercado financeiro.
A razão para tamanha comoção tinha a ver com a possível renúncia de Temer, pouco antes da aprovação da Reforma da Previdência, e a desestabilização do mercado financeiro nacional. O impacto foi imediato. Para se ter uma ideia, em menos de 1 hora, houve a queda de 12% do Ibovespa, em que grandes negociações tiveram de ser interrompidas de forma brusca, no que ficou conhecido como “circuit breaker” (“quebra de circuito”, em tradução livre).
Com a queda da bolsa, consequentemente houve a implosão na cotação do dólar que, no dia seguinte, disparou em mais de 10% assim que os mercados foram abertos. Episódio parecido não acontecia há quase dez anos, quando o mercado internacional foi atingido pela crise de 2008.
Para se ter uma ideia, o Ibovespa terminou o pregão de 18 de maio de 2017 com queda de 8,8%. Ações do Banco do Brasil, Eletrobras e Petrobras tiveram perdas de até 15%.
Joesley Day: gráfico
Confira os gráficos que apontam a queda da Bolsa e o aumento vertiginoso do dólar na data de 18 de maio de 2017:
Joesley Batista e a compra dos dólares
Ciente da bomba que tinha nas mãos, Joesley Batista decidiu tirar vantagem da situação que viria a irromper com seu depoimento à Justiça. De acordo com dados da Procuradoria da República, dias antes o empresário chegou a realizar operações em dólares na casa dos US$ 3 bilhões.
A jogada rendeu nada menos do que US$ 100 milhões de lucro aos irmãos Batista, que utilizaram posteriormente do valor para quitar a multa da delação no processo, prevista em US$ 110 milhões. Contudo, o saldo final a ser acertado foi de R$ 10,3 bilhões, segundo nota da Procuradoria da República.
Das circunstâncias, o Joesley Day será lembrado como um dia amargo para o mercado financeiro nacional, que ainda sofreu queda considerável do Ibovespa em 16 de maio de 2019, em razão das incertezas sobre a aprovação ou não da Reforma da Previdência já no governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Desde então, o cenário parece seguir uma linha estável, mas nunca inabalável.
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