A Caixa Econômica Federal deverá anunciar em breve novas mudanças referentes ao financiamento da casa própria. Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que as mudanças serão históricas. Assim, é esperado que a estatal anuncie uma modalidade de crédito imobiliário que seja corrigido pela inflação.
De acordo com uma declaração dada em maio pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, o banco havia a intenção de adotar o IPCA para os novos contratos imobiliários. Além disso, o governo autorizou na última sexta, 16, o uso do Índice de Inflação (IPCA) para os reajustes de prestações de financiamentos imobiliários.
Atualmente, os contratos referentes ao financiamento de imóveis da Caixa são corrigidos de acordo com a Taxa Referencial (TR). Além disso, é cobrado juros entre 8,5% e 9,75% em suas principais linhas de crédito imobiliário, seja para compra de imóveis novos ou usados. As taxas cobradas para o “Minha Casa, Minha Vida” não estão alinhadas a estas, visto que há uma cobrança menor de juros.
Mudanças nos novos contratos
Com a nova medida, será possível que as correções sejam feitas de acordo com o IPCA. Assim, o IPCA previsto para 2019 é estimado em 3,8%. Entretanto, há uma dúvida em relação a qual taxa de juros prefixada será utilizada pela Caixa juntamente ao nome indexador.
Caso o nível de juros seja mantido como o praticado atualmente, 9% ao ano, os novos contratos terão uma taxa de 5% ao ano mais a taxa do IPCA. Entretanto, a esperança é que a estatal modifique e reduza as taxas de juros cobradas, de modo a acompanhar a queda da Selic.
Dessa forma, é provável que os novos contratos tenham a taxa de ordem de 2% a 3% ao ano, mais acréscimo da taxa do IPCA.
Veja também: Financiamento de imóveis com FGTS terá desconto de R$ 9 bilhões.
Financiamento mais caro e arriscado
De acordo com especialistas, o novo modelo de financiamento imobiliário reajustado pelo IPCA deve ficar mais caro e arriscado para o cidadão que deseja dar início ao financiamento da casa própria. Isso ocorre devido a constante oscilação do índice de inflação com o decorrer dos anos. Vale lembrar que um contrato de financiamento imobiliário geralmente dura entre 15 e 30 anos.
Segundo Marcelo Prata, especialista em crédito imobiliário, o uso do IPCA no lugar da TR irá encarecer o financiamento, visto que a TR se mantém mais baixa ao longo dos anos. Já o IPCA segue a tendência da economia, de modo que se eleva bastante em uma hora e repentinamente cai. Assim, o IPCA se demonstra bem mais instável para os contratos imobiliários.
Dessa forma, possíveis mudanças em preços de insumos, como alimentos, combustíveis e energia, podem provocar um aumento grande na inflação. Com isso, o custo do financiamento imobiliário pode subir muito de forma constante.
Benefícios gerados pela mudança
Mesmo com os possíveis riscos em contratos controlados pelo IPCA, os especialistas encontram alguns benefícios em relação ao seu uso. Assim, o IPCA utilizado como indexador poderá estimular a concorrência entre os bancos, fintechs e outras empresas que concedem crédito ao consumidor.
De acordo com Prata, é necessário que os índices de correção dos contratos sejam alterados para garantir uma maior oferta de crédito no mercado financeiro. Além disso, atualmente os bancos tradicionais possuem uma grande quantia em poupanças, utilizada como principal fonte de dinheiro para o crédito imobiliário.
Assim, caso os financiamentos sejam indexados pelo IPCA, os consumidores poderão ir atrás de financiamentos ofertados por fintechs e demais empresas do setor financeiro. Com isso, haverá uma maior possibilidade de independência do consumidor frente aos grandes bancos.