Com a dificuldade do governo em definir a forma de financiamento do Renda Cidadã, substituto do Bolsa Família, congressistas têm apoiado prorrogar o decreto de calamidade pública. O prazo termina em 31 de dezembro, mas a ideia é ampliar por mais três meses.
A prorrogação serviria para estender o pagamento do auxílio emergencial de R$ 300. Além disso, daria mais tempo para a criação do Renda Cidadã. No entanto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ser contrário à proposta.
Vale lembrar que a ampliação do estado de calamidade pública já havia sido citada em debate da comissão mista, que analisa os gastos com o combate ao coronavírus, no começo deste mês. Apesar da resistência do governo, o plano tem se fortalecido entre os congressistas.
O vice-líder do PSD no Senado, Vanderlan Cardoso (GO), que também integra a base aliada e a comissão da reforma tributária, afirmou que apoia a prorrogação. No entanto, o parlamentar ressalta que a proposta não é prevista pelo governo.
“Eu acredito que vai se estender por pelo menos mais dois ou três meses, pelo menos no início do ano. Essa pandemia até o fim do ano não vai diminuir assim, e o decreto é o caminho”, disse o senador.
Auxílio emergencial até 2021?
Paulo Guedes negou uma nova prorrogação do auxílio emergencial na última sexta-feira, 16. Contudo, o ministro defendeu a ideia de deixar uma brecha para acionar um novo orçamento de guerra. Essa seria uma alternativa caso houvesse uma nova onda de coronavírus no Brasil.
“Se a Covid voltar em 2021, é diferente. Mas é totalmente indesculpável usar uma doença para pedir estímulo artificial. Isso é uma fraude, é falso, é indesculpável, é má politica. É comprometer a futura geração por um ato covarde”, disse o ministro ao ser questionado sobre uma possível prorrogação.
Guedes ainda falou que os custos com a pandemia devem ser bancados pela atual geração, e não virar uma dívida pública a ser paga pelos futuros contribuintes. Por isso, o ministro afirma que o governo não tem a intenção de estender o estado de calamidade e, consequentemente, o auxílio.
“Não é nossa intenção, não é o que o presidente disse, não é o que o ministro quer de maneira alguma. Temos de ter responsabilidade pelo nosso Orçamento e mostrar que temos responsabilidade e força para pagar pela nossa própria guerra, e não deixar [a conta] para nossos filhos”, disse.
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