Inflação no Brasil: economistas não esperam alívio no curto prazo

Os fatores nacionais e externos que pressionam os preços no país não devem dar trégua nos próximos meses.



Os especialistas acreditam que a inflação continuará alta no Brasil a curto prazo, apesar dos aumentos na taxa básica de juros.

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Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic a 12,75% ao ano. A expectativa é que ela se mantenha elevada por um bom tempo na tentativa de conter o avanço inflacionário.

Em abril, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi a 1,06%, maior patamar para o mês desde 1996. O medidor oficial chega a 12,13% nos últimos 12 meses, recorde desde outubro de 2003. Entre os vilões, destacam-se os grupos alimentos e bebidas, além dos transportes.

“A persistência da inflação já está acontecendo. O núcleo da inflação e o nível de difusão tiveram forte aceleração”, afirma André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O índice de difusão alcançou 78,25% no mês passado, o que significa que os aumentos estão mais generalizados.

Fatores

A pressão vem sendo acumulada desde o início da pandemia de Covid-19, quando a demanda despencou. Antes que a retomada pudesse se consolidar, a invasão da Ucrânia pela Rússia e o novo lockdown na China atrapalharam a as cadeias de abastecimento.

O efeito da guerra na economia brasileira pode ser observado principalmente em produtos como petróleo e derivados. Como a duração do conflito é alto impossível de se prever, bem como novas ondas de contaminação pelo vírus, não dá para estimar um prazo para a queda nos preços.

Somando esses fatores ao dólar valorizado, os produtos atingiram preços recordes no país. A população de baixa renda é a mais afetada, especialmente considerando que o nível de desemprego segue alto. “O valor de cesta básica em relação ao salario mínimo está em um dos níveis mais caros da história”, afirma Alan Gandelman, CEO da corretora Planner.

Quando a situação pode mudar?

Para André Braz, os efeitos da inflação nas alturas serão bastante sentidos em 2023. As altas nos aluguéis, mensalidades escolares e planos de saúde, por exemplo, ficam sempre para o ano seguinte. “Mesmo com os juros altos, a indexação, por inércia, segura os repasses até 2023”, explica.

Além do aumento na taxa básica, ele cita outros fatores que podem ajudar a conter o avanço, como ampliação do depósito compulsório dos bancos e o aumento de impostos. O problema é que estamos em ano eleitoral, o que impossibilita a adoção de medidas como essas.

“A política monetária vai para um lado, mas do outro há um governo querendo se reeleger”, completa.




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