A Hurb, antiga Hotel Urbano, é alvo de um processo do Ministério da Justiça e Segurança Pública que visa investigar desrespeito aos direitos dos consumidores. A empresa, que é uma das maiores plataformas online do ramo de turismo no Brasil, estaria cometendo práticas abusivas relacionadas a pacotes de viagens.
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O procedimento foi instaurado por meio da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor). Segundo o secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous, a situação dos consumidores é “inaceitável” e a decisão visa coibir práticas abusivas no mercado do turismo.
A ação prevê multas de até R$ 13 milhões e outras medidas, incluindo a suspensão das atividades da companhia.
Reclamações
A Senacon informou que a abertura do processo vem após quase 7 mil reclamações serem registradas contra a Hurb somente no primeiro trimestre de 2023. Em todo o ano de 2022, foram 12 mil denúncias.
Na plataforma consumidor.gov, a resolução de demandas pela empresa despencou de 64% para 50% desde o ano passado, ou seja, mais gente ficou sem uma solução para seus problemas. A secretaria também reuniu matérias da imprensa sobre dificuldades da plataforma em cumprir contratos, incluindo cancelamentos inesperados e atrasos nos repasses a hotéis.
A companhia teria recebido notificações sobre as denúncias e convidada a esclarecer a situação, mas as respostas foram insuficientes. Ainda assim, a Hurb solicitou a negociação do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), afirmando que houve redução nas reclamações.
“São milhares de consumidores e consumidoras em todo o Brasil prejudicados pelo desrespeito aos contratos por parte da Hurb. Tal cenário é inaceitável e obriga a Senacon a adotar as medidas que lhe cabem por força de disposição legal. Assim sendo, determinei a abertura de processo administrativo sancionador contra a empresa”, afirma a Senacon.
Renúncia
Após xingamentos e ameaças de clientes insatisfeitos em suas redes sociais, o CEO da Hurb, João Ricardo Mendes, renunciou ao cargo. Em carta, ele admitiu os erros e reconheceu que está prejudicando muitos compradores.
“Esses recentes acontecimentos, na verdade, foram erros do ‘João Ricardo Mendes’ e não de uma companhia inteira que é muito maior do que eu”, escreve no texto.
O cargo será ocupado interinamente por Otávio Brissant, chefe do conselho administrativo. Mendes continua como fundador e principal acionista da companhia.