O Ministério da Saúde está elaborando um projeto que visa distribuir, com prioridade, milhões de medicamentos que estão próximos da data de vencimento. Com essa situação, diversos remédios que estão parados no almoxarifado central do Ministério da Saúde, em Guarulhos, podem resolver a vida de diversos pacientes que aguardam pela medicação.
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Esse é o caso de Daniel, filho de Vivian Andrade, que mora em Santos. A criança de 7 anos precisa da “somatropina” para repor o hormônio do crescimento, sendo esse um dos remédios que estão vencendo no almoxarifado. O medicamento é de uso contínuo e não possui substituto.
“É um remédio de alto custo. Aí pensando que existe o medicamento, e está parado lá é complicado. A gente fica sem saber o que pensar”, declarou Vivian. De acordo com um levantamento feito pelo Jornal Nacional, 27 itens venceram de março até hoje. Dentre eles estão vacinas contra febre amarela e Covid, sulfato de morfina e propofol.
R$ 2,2 bilhões desperdiçados
Um relatório feito pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados mostrou que, desde 2019, o país já desperdiçou R$ 2,2 bilhões somente em vacinas, medicamentos e outros insumos. De acordo com a comissão, o material comprado foi desperdiçado, pois passou da data de validade. Além disso, 75 milhões de itens ainda estão para vencer.
Na relação dos medicamentos, aparece a insulina de ação rápida, utilizada por pessoas que tem diabetes do tipo 1. “Ver acontecer um descarte de medicação de alto custo, que poderia estar sendo aplicado à população, que se beneficiaria dela, é sempre visto com tristeza”, afirmou Paulo Augusto Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Em relação a medicamentos que tratam doenças graves e doenças crônicas, 63 tipos estão na lista de insumos que vencem até o fim de junho desse ano. Há também 16 diferentes vacinas que podem gerar mais de 1,6 milhão de doses e 14 insumos, como kits para diagnóstico de sarampo e dengue.
Número de itens a vencer pode ser ainda maior
De acordo com o Ministério da Saúde, um grupo de trabalho está avaliando o estoque do almoxarifado, pois a desconfiança é de que o número de itens a vencer pode ser ainda maior do que o já estimado. Dessa forma, o governo estuda um plano para distribuir, ainda neste semestre, insumos e medicamentos antes do vencimento.
“A gente, então, precisa de um plano para executar a distribuição de forma muito rápida. A estratégia de distribuição vai sair até o final de maio, alinhada com estados, municípios e também a nossa própria rede federal”, explicou Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
Ao serem questionados sobre o relatório do Ministério da Saúde, o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga e o ex-presidente Jair Bolsonaro não se posicionaram.
