Baleias, tatus e nós: mistérios do DNA humano podem estar em animais inusitados

Recentemente, uma série de pesquisas trouxe informações surpreendentes, comparando nosso DNA com o de 239 outros mamíferos.



Em meio a vastidão de informação genética, o que poderiam os DNA de uma chita, um tatu e uma baleia nos ensinar sobre nós mesmos? À primeira vista, pode parecer um exercício puramente acadêmico, mas uma análise conduzida por cientistas lança luz sobre a interconexão da vida na Terra e os segredos ancestrais de nosso próprio genoma.

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Vinte anos se passaram desde que decodificamos o primeiro esboço do genoma humano. Ainda assim, suas profundezas continuam, em grande parte, um mistério. Contudo, recentemente, uma série de pesquisas publicadas na revista Science trouxe informações surpreendentes, comparando nosso DNA com o de 239 outros mamíferos, incluindo tatus, narvais e chitas.

Projeto Zoonomia

Dentro deste extenso projeto, nomeado Projeto Zoonomia, os cientistas buscaram traços de DNA humano que se mantiveram consistentes ao longo dos últimos 100 milhões de anos. Os resultados apontaram para uma verdade: certos segmentos de nosso DNA são tão antigos quanto os primeiros mamíferos que pisaram na Terra.

Apesar de apenas 1,5% do nosso genoma ser responsável por codificar proteínas, os restantes 98,5% parecem ter funções mais enigmáticas. Algumas regiões desse “DNA misterioso” determinam quando e onde as proteínas são produzidas.

Outras funcionam como interruptores, ativando ou desativando genes próximos. E, apesar de muitos os chamarem de “DNA lixo”, essas sequências não codificantes têm revelado sua importância.

A análise feita pelo projeto Zoonomia tem suas raízes na evolução. Elementos que se mantiveram consistentes ao longo de milhões de anos provavelmente são vitais para nossa sobrevivência. E, quando esses “interruptores genéticos” falham, podem nos predispor a várias doenças.

Baleia
Baleia

Por outro lado, nosso DNA também possui segmentos exclusivos, diferenciando-nos de outras espécies. Algumas dessas adaptações podem ter desempenhado um papel na evolução de nosso cérebro, fazendo-nos, de certa forma, únicos no reino animal.

Um exemplo marcante dessa evolução singular é o gene LOXL2, que se mantém mais ativo em humanos jovens do que em outros primatas. Esta atividade prolongada pode ser responsável pelo desenvolvimento cerebral mais extenso em seres humanos comparado a outros primatas.

Com essas descobertas, não apenas aprendemos mais sobre nossa história, mas também abrimos as portas para futuras pesquisas. O Projeto Zoonomia representa uma base para explorar doenças genéticas, compreender nosso desenvolvimento e, em última instância, desvendar o que nos torna humanos.




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