Governo autoriza obras de usina vetada pela Anatel por risco à internet

Segundo a agência, usina de dessanilização em Fortaleza pode colocar em risco 17 cabos submarinos de internet.



O governo do Ceará autorizou o início das obras da usina de dessanilização em Fortaleza em 2024, apesar das preocupações expressas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Com a nova decisão, a planta deve entrar em funcionamento em 2026.

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Segundo a Anatel, a obra coloca em risco 17 cabos intercontinentais que existem na região e são responsáveis por boa parte da conectividade de internet no Brasil. A agência se preocupa com o risco ao fornecimento de banda larga por oito empresas e consórcios que operam no local.

A autorização da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) tem respaldo da União e foi emitida pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU/CE). O projeto é chamado de Dessal Ceará. A Anatel é uma agência reguladora vinculada ao Ministério das Comunicações, enquanto a SPU está ligada à pasta de Gestão e Inovação em Serviços Públicos.

Projeto do Dessal Ceará

A construção da usina que visa transformar água do mar em água potável para reduzir a estiagem no estado pode beneficiar cerca de 720 mil pessoas. O projeto público-privado tem investimento estimado de R$ 3,1 bilhões e contrato com prazo de 30 anos.

A grande questão é a localização da planta. A Praia do Futuro, escolhida como local, também abriga diversos cabos submarinos que conectam o Brasil e a Europa para garantir internet rápida ao país.

Para solucionar o problema, a distância entre os cabos e a estrutura de captação foi ampliada de 40 para mais de 500 metros. Segundo o presidente da Cagece, Neuri Freitas, a distância de 567 metros ultrapassa a recomendação do Internacional Cable Protection Committee (ICPC).

Ele também afirma que a construção da usina em um local mais distante custará mais caro e servirá apenas para “garantir o lucro das empresas de cabos submarinos”.

O que dizem as operadoras

As empresas de telecomunicações que operam na região afirmam que as obras podem interferir no funcionamento dos cabos devido à reverberação, mesmo com o aumento da distância. A construção também pode atrapalhar a ampliação da conexão internacional e a expansão da internet no Brasil, segundo as operadoras.




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