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Esta região do Brasil corre o risco de se tornar um deserto; veja qual

Entenda como as mudanças de temperatura e incidência de chuva estão transformando uma região do país.



Agricultores que vivem na zona rural de Juazeiro (BA) relatam mudanças na paisagem e no clima ao longo dos anos. Ana Lucia da Silva, por exemplo, afirma que já não consegue plantar mandioca, nem mamona. Os dois cultivos eram comuns em sua família, afinal tanto seus pais quanto os avós tiram desses plantios a subsistência. Isso acontece porque as chuvas já não são no mesmo volume, nem periodicidade. Com o calor intenso, a área tem potencial para se tornar, no futuro, um grande deserto.

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Nesse sentido, pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apontam cinco municípios, todos no nordeste da Bahia, que formam a denominada região de clima árido no Brasil. São elas: Rodelas (BA), Juazeiro (BA), Abaré (BA), Chorrochó (BA) e Mucururé (BA). No total, os municípios ocupam uma área de 5,7 mil km².

A descoberta foi anunciada pelo Cemaden em nota técnica em novembro do ano passado. Na prática, a pesquisa analisou dados climáticos do país em um recorte de 60 anos. A partir daí, realizou comparações das mudanças nas condições climáticas em blocos de 30 anos. Ali, observaram-se alterações na radiação solar, precipitações, ventos e evaporação. Como resultado, os dados apontam mudanças no clima da região.

Mudanças climáticas

Essa mudança do clima de semiárido para árido tem impactos significativos. Isso porque, ele é resultado de uma redução no volume de chuvas que, deixa de ser 800 mm por ano e passa a ter a marca de 500 mm. Em outras palavras, essa redução nas chuvas não supre a perda de água pela evapotranspiração, ou seja, a combinação da evaporação da água no solo e transpiração das plantas e corpos d’água.

Contudo, os resultados da pesquisa foram um tanto inesperados. Isso porque, o Cemaden esperava encontrar avanços do semiárido para outras regiões além do Nordeste e partes de Minas Gerais. E, na prática, os cinco estados no nordeste da Bahia é que trouxeram um aumento de temperatura acentuado desde a década, mas que vem ganhando um ritmo mais forte nos últimos anos.

Aquecimento global

A pesquisa do Cemaden também traz dados em relação ao aquecimento global e mudança do padrão climático no Brasil. Isso se deve ao fato de o aumento das temperaturas acelerar a evaporação, levando a déficit hídrico e a secas mais intensas.

Diante deste cenário, dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que a temperatura na superfície da Terra aumentou 1,1°C entre 2011 e 2020. Trazendo para a realidade brasileira, esse aumento foi ainda maior, chegando a 1,5°C em média e até 3°C em algumas regiões.

Produção agrícola

Não se pode ignorar que a redução na oferta de água devido à mudança do clima para árido afeta diretamente a produção agrícola, assim como a pecuária e a geração de energia. Para se ter ideia, hoje, 49,8% da água disponível no Brasil tem como destino a irrigação. Outros 24,3% vão para uso humano, enquanto 9,7% vai para indústria e 8,4% para agropecuária.

Além disso, a desertificação é outro problema constante na região. Mesmo sem a classificação de deserto, cerca de 85% do semiárido brasileiro passa por desertificação. Em outras palavras, há uma perda da fertilidade do solo, assim como da biodiversidade e êxodo rural.




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