Um novo oceano pode estar prestes a nascer na África, fruto da expansão do Mar Vermelho na região de Afar, na Etiópia. Cientistas que estudam a geologia local apontam que uma fenda de 60 quilômetros, surgida no deserto etíope, pode ser o prenúncio da separação do continente africano em duas partes.
A ideia de um novo oceano no continente africano não é nova, mas até recentemente acreditava-se que o processo levaria entre 5 e 10 milhões de anos. A pesquisa, liderada por Cynthia Ebinger, sugere que a formação desse oceano pode ocorrer muito antes do que se imaginava.
Segundo Ebinger, o Mar Vermelho pode começar a invadir a região e dividir a África em menos de 1 milhão de anos. Essa estimativa, apoiada por estudos recentes, está sacudindo a comunidade científica.
Surgimento de um novo oceano
O movimento das placas tectônicas é o principal motor dessa transformação. Três placas, a Arábica, a Africana (ou Núbia) e a Somaliana, estão exercendo pressões que podem provocar a separação do continente.
Nesse contexto, a Arábica está se afastando 2,5 centímetros por ano da África, enquanto as outras duas se movem cerca de meio centímetro cada uma. Esse deslocamento está ampliando uma fenda que já começa a ser preenchida por água salgada do Mar Vermelho e do Golfo de Aden.
Outro aspecto importante é a atividade vulcânica na região. Em 2005, uma série de terremotos e erupções vulcânicas abriu uma fenda de 60 quilômetros no deserto da Etiópia.
Estudiosos como Atalay Ayele, geofísico da Universidade de Addis Ababa, afirmam que esse evento é uma das primeiras etapas da formação do novo oceano.
Ayele destaca que as novas crostas de basalto que estão se formando na região de Afar são indícios claros de que o processo de separação continental está em curso.
Fatores que aceleram a criação do novo oceano
Fotografia da Depressão de Afar, área que deve ser inundada por águas do Mar Vermelho e do Golfo de Aden em centenas de milhares de anos. – Imagem: Prof. J. R Rowland, Universidade de Auckland/BBC
Este processo, porém, não é algo que será testemunhado em nossa geração. Estimativas sugerem que a formação do novo oceano pode levar milhares de anos, ou mesmo menos, se eventos sísmicos acelerarem a abertura da fenda.
As pesquisas realizadas por Ebinger e Ayele utilizaram modelos em 3D para entender melhor as dinâmicas geológicas da região. Esses modelos mostram que a crosta terrestre sob a Depressão de Afar é mais fina do que o esperado, o que facilita ainda mais a expansão do Mar Vermelho.
A previsão é que uma série de grandes terremotos ou erupções vulcânicas possa acelerar esse processo, mas a ciência ainda não consegue prever com exatidão quando isso pode ocorrer.
Um grande terremoto, por exemplo, poderia expandir rapidamente a fenda, permitindo a entrada mais rápida da água salgada e o início efetivo do novo oceano.