O sono tem um papel fundamental na nossa capacidade de tomar decisões de qualidade. Uma pesquisa da Universidade de Duke, publicada no Journal of Experimental Psychology: General, explorou como o sono pode influenciar esse processo, revelando dados importantes sobre o impacto do descanso na nossa capacidade de avaliar e tomar decisões racionais.
O estudo destacou a relação entre o sono e o efeito de primazia, um viés cognitivo que afeta a forma como processamos informações.
O que é o efeito de primazia?
O efeito de primazia refere-se à tendência de se dar maior peso às primeiras informações que recebemos ao formarmos uma opinião ou tomarmos uma decisão.
Isso acontece porque nosso cérebro é projetado para armazenar informações iniciais com maior força, o que pode influenciar fortemente nossas escolhas subsequentes.
Dr. Chandril Chugh, neurologista e diretor da Good Deed Clinic, explica que esse viés pode levar as pessoas a tomarem decisões baseadas em impressões iniciais, sem considerar adequadamente os dados subsequentes que poderiam ser mais relevantes.
Por exemplo, em uma entrevista de emprego, o efeito de primazia pode fazer com que o recrutador se atenha demais às primeiras impressões, ignorando informações importantes reveladas mais tarde na conversa. Isso pode comprometer a decisão final.
O impacto do sono na tomada de decisões
O sono desempenha um papel essencial na forma como processamos e consolidamos as informações adquiridas ao longo do dia.
De acordo com a pesquisa de Duke, durante as fases de sono, especialmente o REM e o sono de ondas lentas, o cérebro organiza as memórias e fortalece conexões neurais importantes, filtrando informações menos relevantes.
Dr. Alison Adcock, professora de Psiquiatria e Ciências Comportamentais de Duke, destacou que o sono permite que o cérebro costure as experiências de forma mais eficaz, melhorando a clareza mental ao acordarmos.
Ao dormir adequadamente, conseguimos avaliar problemas com uma visão mais equilibrada e menos influenciada pelo efeito de primazia.
O sono também regula nossas emoções, garantindo que decisões sejam tomadas de forma mais racional e menos impulsiva. A privação de sono, por outro lado, compromete essa função e pode levar a escolhas precipitadas e arriscadas.
O que acontece quando dormimos mal?
Quando tomamos decisões sem o sono adequado, os riscos aumentam. O estudo de Duke aponta que a falta de sono pode levar a julgamentos errôneos, comportamento impulsivo e maior propensão a riscos.
Além disso, a falta de sono afeta negativamente nossa habilidade de analisar riscos e recompensas, prejudicando a tomada de decisões em diversas áreas, desde escolhas financeiras até questões pessoais e profissionais.
Pessoas privadas de sono também têm mais dificuldade em resolver problemas de forma criativa, o que pode limitar a capacidade de visualizar soluções alternativas.
A impulsividade e a incapacidade de controlar as emoções em situações de privação de sono aumentam, levando a decisões mais emocionais do que racionais.
Como melhorar a qualidade do sono e as decisões?
Diante da importância do sono para a tomada de decisões, é essencial adotar hábitos que favoreçam um descanso de qualidade. Aqui estão algumas dicas práticas:
- Estabeleça uma rotina de sono regular: procure dormir e acordar sempre no mesmo horário, mesmo nos fins de semana. Isso ajuda a regular o relógio biológico e melhora a qualidade do sono;
- Crie um ambiente favorável ao sono: mantenha o quarto escuro, silencioso e em temperatura confortável. Evite o uso de telas, como celulares e computadores, pelo menos 30 minutos antes de dormir, já que a luz azul interfere na produção de melatonina, o hormônio do sono;
- Pratique atividades físicas regularmente: o exercício físico pode melhorar a qualidade do sono, mas evite atividades muito intensas perto da hora de dormir;
- Cuidado com a alimentação: evite refeições pesadas, cafeína e álcool antes de dormir, pois esses fatores podem prejudicar o sono profundo.
Durma o suficiente: a maioria dos adultos precisa de 7 a 9 horas de sono por noite. O sono fragmentado ou insuficiente impede o cérebro de realizar adequadamente o processo de consolidação das memórias e regulação emocional.
*Com informaçôes de Indian Express.