Tabela do IR faz brasileiro pagar mais a cada ano por não ter correção desde 2015

Cerca de 10 milhões de contribuintes deixariam de pagar o tributo se a tabela do IR fosse corrigida. Em 2020, a Receita Federal espera receber 32 milhões de declarações. 



A tabela do Imposto de Renda (IR) passou a acumular em 2020 uma defasagem de mais de 100% , de acordo com um levantamento do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), dado que entre os anos de 2016 e 2019 não houve nenhuma correção, o que leva o brasileiro a pagar mais imposto a cada ano.

Além disso, a falta de correção tem deixado mais trabalhadores fora do limite de isenção. A última correção da tabela do IR aconteceu em 2015, sendo que a inflação, que diminui o poder de compra, subiu 327,37% de 1996 a 2019.

Segundo o Sindifisco, nesse mesmo período, a correção da tabela do IR foi de 109,63%, o que resulta numa defasagem média de 103,87%. O ano inicial do estudo é 1996 porque foi a partir de quando a tabela começou a ter os valores em reais.

Não houve correção em 12 anos dentro dos últimos 23 anos, sendo que em 5 as atualizações superaram a inflação, foram eles: 2002, 2005, 2006, 2007 e 2009. Essa falta de correção faz com que muitos contribuintes tenham que pagar uma alíquota maior em relação ao ano anterior.Isso porque os reajustes salariais, ainda que abaixo da inflação, podem fazer com que a pessoa entre em outra faixa de renda da tabela do IR.

Confira a seguir o histórico das correções realizadas nos últimos anos e a defasagem acumulada:

Cerca de 10 milhões não pagariam o IR se tabela fosse corrigida

Conforme informações do Sindifisco, se toda a defasagem acumulada nos últimos anos fosse corrigida, a faixa de isenção, por exemplo, que atualmente vai até R$ 1.903,98 por mês, deveria ser ampliada para os trabalhadores que ganham até R$ 3.881,65.

Dessa forma, pelos cálculos do Sindfisco, hoje cerca de 10 milhões de contribuintes deixariam de pagar o tributo se a tabela do IR fosse corrigida. Em 2020, a Receita Federal espera receber 32 milhões de declarações.

Em 2019, o fisco recebeu 30,5 milhões de declarações. Com isso, o governo espera que cerca de 1,5 milhão contribuintes a mais tenham que declarar o Imposto de Renda em 2020. Segundo simulações do Sindifisco, o impacto é maior entre os contribuintes das faixas intermediárias de renda, ou seja, da classe média.

Para contribuintes com rendimento de R$ 4 mil, por exemplo, a não correção da tabela impõe um recolhimento mensal a mais de rendimentos  de R$ 255, ou 2.872% maior do que o valor que seria devido com uma atualização.

Já o contribuinte com renda mensal tributável de R$ 10 mil paga a mais R$ 903 ou 92,30% acima do que deveria. A partir dessa faixa de rendimentos, a diferença se estabiliza uma vez que a alíquota de tributação passa a ser sempre a mesma.

Não há previsão de quando a tabela do IR poderá ser corrigida.

Fonte: G1 Notícias

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