Parece queijo, mas não é: quais os riscos das chamadas ‘soluções lácteas’

Ministério da Agricultura e Anvisa deixam passar, mas o ideal é não consumir estes produtos.



A indústria alimentícia tem apostado muito em um tipo de produto que talvez você até tenha em casa. Parece queijo, tem sabor de queijo e é até vendido como, mas não é queijo. Tratam-se das “soluções lácteas”, subprodutos que imitam os lácteos mas quase não têm leite na composição. E o pior: são pouco nutritivos.

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A fabricação deste tipo de produto tem uma explicação e o buraco é bem mais embaixo do que se imagina. Ele começa no campo, com os produtores de leite, que, por problemas com energia elétrica, custo de produção e baixa rentabilidade, pararam de criar gado de leite.

Segundo reportagem do UOL, estima-se que em um período de 20 anos cerca de 600 mil produtores deixaram de trabalhar com leite.

Com pouca matéria prima, fabricantes de alimentos começaram a pensar em outras soluções para atenderem o consumidor final. Então, começaram a usar de brechas na legislação de alimentos para criar “substitutos” – é o caso das misturas lácteas, à base do soro do leite, que antes era tido como descarte.

Legislação exige pelo menos 50% de ingredientes lácteos

O Ministério da Agricultura e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fazem vista grossa porque, tecnicamente, as soluções lácteas e as misturas lácteas não estão descumprindo nenhuma regra.

Para os órgãos federais, os derivados lácteos, conforme o Decreto 9.013/2017, que integra o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa), os derivados lácteos são divididos em três:

  • Produtos lácteos;
  • Produtos lácteos compostos;
  • Misturas lácteas.

Os produtos lácteos compostos ou as misturas lácteas precisam ter um percentual mínimo de mais de 50% de ingredientes derivados do leite no peso final. Ou seja, dá para ir podando na produção desde que ainda atenda esta regra.

Por isso, podemos encontrar nos supermercados produtos com embalagens que dizem “sabor muçarela” ao invés de serem muçarela. Em alguns casos o queijo é só no aroma mesmo.

Preço influencia

Além disso, um grande fator que faz com que estes produtos continuem sendo comprados e que as indústrias continuem os fazendo é o preço. Perceba, como dito acima, alguns são feitos com o que seria o “descarte” do leite. Então, as empresas já saem ganhando aí.

Depois, sem o leite na composição, os produtos tendem a durar mais, já que a matéria-prima láctea é mais perecível. E, por fim, eles colocam nas prateleiras com um preço abaixo do que o “produto real” vale. Então, as pessoas compram mais.

A dica, portanto, é olhar a embalagem. O consumidor é induzido ao erro com uma embalagem praticamente igual. Entretanto, por norma, no rótulo, deve estar bem legível quando um produto é “puro” e quando é uma mistura ou solução. Fique de olho!




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