O Plano Real (PR) foi um programa brasileiro criado com o objetivo de garantir a estabilização econômica. Ele foi o responsável por promover o fim da inflação elevada no Brasil, que já durava cerca de trinta anos, em grande parte advinda do período militar.
Até então, os pacotes econômicos eram marcados por medidas como congelamento de preços. O PR, então, utilizou de politica cambial para garantir uma moeda com inflação reduzida, em comparação ao dólar americano.
Na época, grandes reservas em dólares foram criadas e garantiram que R$ 1 valesse US$ 1. Até sua concretização, o PR passou por três fases: 1) Programa de Ação Imediata; 2) Criação da Unidade Real de Valor (URV); e 3) Implementação da nova moeda.
Organizar as contas públicas foi uma das estratégias utilizadas pelo plano. Isso auxiliou no controle duradouro da hiperinflação. Em 26 anos de Real, a inflação acumulada foi de 508,23%.
O que foi o Plano Real?
O Plano Real foi iniciado em 27 de fevereiro de 1994 e representou a mais expressiva reforma monetária no país. O plano garantiu estabilização dos preços e colocou em circulação uma nova moeda.
Antes do PR entrar em vigor, o Brasil já sofria com a alta inflação – que era apelidada de “dragão”. Entre julho de 1965 e junho de 1994, o acumulado inflacionário superou 1,1 quatrilhão por cento.
O processo de criação, desenvolvimento e implementação do Plano aconteceu durante o governo de Itamar Franco. O ex-presidente assumiu a chefia executiva em 1992; em um dos momentos mais críticos para o país.
Quem criou e como aconteceu o Plano Real?
No ano de 1993, a inflação chegou ao máximo já registrado em toda a história: superior a 2.000% em doze meses.
Nessa época, o presidente Itamar convocou Fernando Henrique Cardoso, conhecido com FHC, para compor o Ministério da Fazenda. Desta forma, poderia traçar um plano de combate à hiperinflação.
Nesse mesmo ano, entre em circulação o Cruzeiro Real (CR$): Assim, 1 CR$ era equivalente a Cr$ 1.000. Em contrapartida, a tarefa do governo era criar uma moeda que garantisse estabilidade econômica.
A partir disso, o plano que resultaria na atual moeda nacional foi feito durante o governo Franco, sendo FHC um dos propulsores da empreitada.
Antes do Plano Real, outros planos haviam sido feitos na tentativa de combater o “dragão”. Todos falharam pois utilizavam técnicas antiquadas, como congelamento de preços ou confisco de contas bancárias. Alguns deles foram:
- Plano Cruzado, em 1986
- Plano Bresser, em 1987
- Plano Verão, em 1989
- Plano Collor, em 1990
- Plano Collor II, em 1991
Fases do Plano Real
Para que tivesse real efetividade e aplicabilidade contínua e a longo prazo, o Plano Real foi dividido em três fases:
- Ajustes fiscais e reforma monetária com a criação do Cruzeiro Real;
- Criação da Unidade Real de Valor (URV);
- Extinção do Cruzeiro Real e conversão da URV no Real como moeda oficial
Fase 1: Ajustes Fiscais
Na primeira fase do plano, o governo implementou o Programa de Ação Imediata (PAI). Essa medida foi tomada para que houvesse a diminuição dos gastos e o aumento das receitas públicas.
Neste programa foram feitos privatizações, cortes de gastos e combate à evasão fiscal para que a arrecadação fosse maior. O programa apontou as seguintes necessidades:
- Corte de gastos públicos: cerca de 6 bilhões de dólares no orçamento de 1993, em todos os ministérios
- Recuperação da Receita: feita por meio do combate à evasão fiscal, inclusive de grandes empresas
- Austeridade no relacionamento entre Estados e Municípios: forçou o equilíbrio de gastos
- Ajustes nos Bancos Estaduais: cortes de gastos e punição de irregularidades
- Redefinição das funções dos Bancos Federais: enxugamento da estrutura, fuga da concorrência recíproca e predatória, e punição de irregularidades por meio da Lei do Colarinho Branco.
- Privatizações: empresas dos setores siderúrgicos, petroquímico e de fertilizantes passaram por esse processo
A Lei do Colarinho Branco refere-se a crimes cometidos contra órgãos de poder e autoridades.
Fase 2: Criação da Moeda
Posterior à fase 1 foi iniciada a segunda fase. Nesse momento houve a criação de uma “moeda virtual“, conhecida como Unidade Real de Valor (URV).
Por meio dela, os preços e contratos tinham um valor fixo e podiam ser convertidos em Cruzeiro Real (CR), que era a moeda circulante na época. O valor para conversão era atualizado assim que o CR desvalorizava com a inflação.
Além disso, a URV serviu para que a economia desinchasse. Por meio dela, os preços deixaram de ser remarcados em um período muito curto, como acontecia anteriormente.
Fase 3: Transição do Cruzeiro para o Real
Fases 1 e 2 concluídas, foi a vez da terceira etapa. Este processo ocorreu oficialmente em 1 de julho de 1994, quando 1 URV já valia 2750 Cruzeiros. Esse momento, então, marca a transição do Cruzeiro Real para o Real, por meio da unidade de valor.
Em 30 de junho de 1994, a Medida Provisória que implementou o Real foi editada. Todo o programa era baseado em políticas cambial e monetária. A primeira serviu como forma de controle dos meios de pagamentos, como saldo da balança comercial, de capital e de serviços.
Já a política cambial foi responsável por regular as relações comerciais do país em relação aos demais países do globo.
Além disso, foi estabelecida a paridade nos valores de reais e dólares. Estas tiveram definições por meio de políticas de intervenção, em que o governo promoveu a venda de dólares e o aumento das taxas de juros.
Resultados do Plano Real
O Plano Real assegurou a vitória de Fernando Henrique Cardoso nas eleições presidenciais de 1994. Assim como a reeleição seguinte.
Nessa época, as políticas econômicas neoliberais originadas no governo Collor foram reforçadas a partir de políticas públicas. Entre essas medidas estão a privatização de empresas estatais, abertura do mercado, livre negociação salarial e liberação de capital.
Apesar de algumas crises internacionais, o Plano Real foi responsável por dar fim à inflação monstruosa que assolava a economia brasileira. Assim, garantiu novamente o poder de compra e estabilizou o consumo.
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