O ministro da Economia, Paulo Guedes, ganha defesa pública de políticos do Centrão, mesmo terminando a semana com divergências no Orçamento da União com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL). Na avaliação de Lira e de seu entorno, uma saída de Guedes do governo só terá como resultado ampliar ainda mais a crise econômica que o país enfrenta em consequência da pandemia.
Essa análise foi colhida tanto por Lira quanto pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em conversas com empresários nas últimas semanas. Um interlocutor de Lira resumiu o que o grupo pensa sobre Guedes: “Ruim com ele, pior sem ele”.
O vice-presidente da Câmara e aliado próximo de Lira, deputado Marcelo Ramos (PL-AM) admite que Guedes hoje não é uma unanimidade, mas deixa claro que o Congresso não vai pedir a troca do ministro, com quem ainda mantém uma boa relação apesar das divergências.
“Minha convivência com Guedes é boa, apesar de eu discordar radicalmente da política industrial. O governo dele está desmontando a indústria nacional”, afirmou o deputado. Ressaltando que elogia e critica. “Acho que ele tem qualidades e defeitos. Eu tenho uma boa parte de pontos de convergências com o ministro”, complementou.
A precaução com a decadência da economia já levou líderes do Centrão e empresários a pressionarem o presidente Jair Bolsonaro pela demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o que acabou de fato acontecendo. A justificativa era de que o ministro comprou briga com a China e com os Estados Unidos, o que afetou o Brasil na disputa mundial pela compra de vacinas. Além de Ernesto, Bolsonaro despediu ou trocou os ministros da Defesa, da Justiça, da Advocacia-Geral da União (AGU), da Casa Civil e da Secretaria de Governo (Segov).
As mudanças abriram espaço para o Centrão se acomodar no coração do Palácio do Planalto. A Segov, que passou a ser ocupada pela deputada Flávia Arruda (PL-DF), outra aliada do presidente da Câmara, é responsável por direcionar os pedidos dos parlamentares por cargos e liberação de emendas.
De acordo com um interlocutor do presidente da Câmara, o presidente sempre arruma uma confusão desnecessária na área da economia. “Não precisava tirar o presidente do Banco do Brasil e o da Petrobras da forma como foi. Não dá para tirar o Paulo Guedes agora. Essas coisas não se fazem assim”, afirmou .
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