scorecardresearch ghost pixel



Imposto de Renda pode “comer” aposentadoria do INSS em 2023

Sem reajuste na tabela do imposto, mais contribuintes ficarão de fora da faixa de isenção em 2023.



Os aposentados, pensionistas e outros segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) vão receber suas rendas com reajuste a partir de fevereiro. Contudo, o valor deve ser menor que o esperado por conta do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

Leia mais: Auxílio-reclusão para presos foi para R$ 1.754,18 após ordem de Lula?

O salário mínimo aumentou de R$ 1.212 para R$ 1.302 em 2023, mas a tabela do IR não teve reajuste. Com isso, muita gente pode sair da faixa que garante a isenção do imposto e começar a perder 7,5% do que ganha.

A isenção do Imposto de Renda atualmente é garantida aos que recebem até R$ 1.903,98 mensais, valor que não sofre atualização desde 2015. No caso dos segurados com mais de 65 anos, o tributo também é zerado para quem ganha até R$ 3.807,96.

O salário mínimo, por outro lado, é corrigido anualmente para ao menos cobrir a inflação acumulada no ano anterior.

A falta de atualização também aumenta o desconto para quem já paga o IR. Veja um exemplo de um aposentado que recebe R$ 2.826,65 (limite da primeira faixa) e tem menos de 65 anos. Após o reajuste do piso nacional, ele deixará a faixa de 7,5% passará a se enquadrar na alíquota de 15%.

“Os aposentados só recebem reajuste anual pela inflação e acabam pagando mais impostos. O reajuste é apenas para recuperar o poder de compra, mas ele acaba não sendo recuperado totalmente”, explica o presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), Mauro Silva.

Defasagem

A entidade calcula que a tabela do IR atualmente está desfasada em 148,1%, considerando a inflação dos últimos anos. Se for corrigida integralmente, milhões de pessoas que ganham até R$ 4.723,78 ficarão livres do imposto.

Em sua campanha eleitoral, o presidente Lula (PT) prometeu aumentar a faixa de isenção para R$ 5 mil, mas membros do governo já sinalizaram que isso não deve ocorrer neste ano. O compromisso também foi feito pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deixou o comando do país sem realizar nenhum reajuste.

O grande problema para o governo é a perda de arrecadação, calculada em R$ 228,8 bilhões por ano. “Como fazer para arrumar esse dinheiro? Cobrando a classe rica. As maiores rendas são de divisão de lucros e dividendos das empresas, sem pagamento de imposto de renda”, diz o presidente da Unafisco.

“E as pessoas com os maiores salários são obrigadas a abrir empresas, no processo de ‘pejotização’, de transformar empregos em pessoas jurídicas. Temos que voltar a tributar os lucros e dividendos e ter critérios mais rígidos para impedir a ‘pejotização’. Essas duas coisas têm que ser discutidas em conjunto. Quem está sustentando as políticas públicas no Brasil é a classe média e a classe rica está cada dia mais sem pagar”, acrescenta.




Voltar ao topo

Deixe um comentário