A ansiedade e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são condições que afetam muitas pessoas em diferentes aspectos de suas vidas. Esses distúrbios podem apresentar sintomas semelhantes, dificultando a diferenciação entre eles. Muitas vezes, indivíduos enfrentam desafios em relação ao diagnóstico correto e ao tratamento adequado.
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Nessa busca por clareza, Alison Poulton, pediatra especializada no tratamento de crianças com TDAH e palestrante no Centro de Cérebro e Mente da Universidade de Sydney, na Austrália, oferece valiosas perspectivas sobre a diferenciação entre os diagnósticos, bem como a possível interação entre essas condições. Para compreender melhor a complexidade desse tema, vamos explorar os pontos-chave abordados pelo especialista.
Afinal, como o TDAH e a ansiedade se manifestam?
O TDAH é uma condição neuropsiquiátrica que afeta tanto crianças quanto adultos. Caracteriza-se por sintomas como desatenção, hiperatividade e impulsividade, podendo ter um impacto significativo na vida cotidiana. No entanto, muitas vezes, pode ser confundido com outros problemas de saúde mental, como a ansiedade.
Nesse contexto, a ansiedade assume uma importância crucial. Pessoas com ansiedade geralmente apresentam preocupação excessiva, tensão e medo em diversas situações, interferindo no seu bem-estar e funcionamento diário. A ansiedade pode se manifestar de várias formas, desde ansiedade generalizada até transtornos de ansiedade específicos, como transtorno de ansiedade social ou transtorno de pânico.
Ambos podem coexistir e o diagnóstico é complexo
Alison Poulton ressalta que tanto a ansiedade quanto o TDAH podem coexistir em uma mesma pessoa, tornando o diagnóstico mais complexo. A ansiedade e a depressão, por exemplo, podem imitar os sintomas do TDAH, como falta de motivação, dificuldade em focar a atenção e baixo desempenho acadêmico ou profissional.
Por outro lado, os desafios e dificuldades enfrentados por indivíduos com TDAH, como a procrastinação, a desorganização e a impulsividade, podem levar ao desenvolvimento de ansiedade e sensação de fracasso.
É importante destacar que a ansiedade e a depressão são condições frequentemente associadas ao TDAH, especialmente entre as mulheres. A ansiedade tende a ser mais intensa, duradoura e surge em idades mais precoces em pessoas com TDAH.
No entanto, identificar se os sintomas são decorrentes de ansiedade, TDAH ou uma combinação de ambos pode ser desafiador. Para complicar ainda mais, o TDAH em mulheres e meninas tende a se manifestar de maneira mais sutil, com menos sintomas hiperativos, o que pode dificultar o diagnóstico adequado.
É fundamental uma avaliação completa
Nesse contexto, é fundamental que profissionais de saúde qualificados conduzam uma avaliação completa, levando em consideração a história clínica, os sintomas apresentados e a análise criteriosa dos diagnósticos. É necessário considerar os relatórios escolares, a observação dos professores e os relatos dos pais, além de uma investigação individualizada das dificuldades enfrentadas em tarefas mentais exigentes.
Ao obter um diagnóstico preciso, é possível desenvolver um plano de tratamento adequado, que pode incluir:
- Terapia,
- Medicamentos;
- Estratégias de enfrentamento;
- Suporte psicossocial.
Portanto, para indivíduos que suspeitam de TDAH e enfrentam dificuldades significativas no seu dia a dia, buscar uma avaliação especializada é essencial. Com o diagnóstico correto e o tratamento apropriado, é possível encontrar maneiras efetivas para lidar com os desafios e melhorar a qualidade de vida.