No estado do Amazonas, todos os anos, são publicados uma série de editais de concursos públicos e processos seletivos. Tanto nos certames municipais, quanto nos estaduais, os candidatos podem encontrar no conteúdo programático a disciplina de geografia do Amazonas.
Pensando nisso, reunimos os conteúdos mais recorrentes em um único artigo. Abaixo, é possível conferir, além da história de formação do território, muitas informações a respeito da matéria de geografia do Amazonas para concursos. Confira!
Contexto histórico e formação do território
No momento da assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494, algum tempo antes das chegadas dos Portugueses no Brasil, o território do Amazonas ainda estava sob domínio dos espanhóis.
Por volta de 1541, o primeiro homem branco explorou toda a extensão do rio Amazonas, que naquele momento ainda não tinha este nome. Francisco de Orellana estava em busca de ouro, mas acabou se deparando com uma tribo de índias guerreiras, as Icamiabas.
Com elas, o espanhol, juntamente com suas tropa, travou uma batalha sangrenta, da qual as índias saíram vitoriosas. O acontecimento chegou aos ouvidos de Carlos V, então rei da Espanha. Interessado em explorar os recursos naturais do território, ele ordenou uma nova expedição, desta vez, comandada por Pedro de Ursua.
O explorador obteve sucesso na missão, entretanto, terminou assassinado por Lope de Aguirre, seu sucessor. Este, por sua vez, foi vítima de um delírio tropical e também foi a óbito.
Com o sucesso das explorações espanholas, diversas nações europeias também demonstraram intenção de tirar proveito dos bens naturais do vasto território. Assim, países como França, Portugal, Inglaterra e Holanda invadiram o Amazonas em busca de madeira, resina, guaraná e outros produtos.
Em 1750, com a assinatura do Tratado de Madri, a Espanha perdeu o domínio sob o território. Com o intuito de evitar invasões, os portugueses logo deram início a construção da Capitania de São José do Rio Negro.
Contudo, o território ainda fazia parte do estado do Pará e tinha a cidade de Barra do Rio Negro, local onde hoje está Manaus, como capital. A separação só aconteceu depois da Independência, quando D. Pedro II, instituiu a Província do Amazonas.
A partir de 1865, o rio Amazonas foi aberto para navegações internacionais por conta da expansão da exploração da borracha enquanto matéria-prima. Entretanto, como os retornos ficaram aquém do esperado, os investimentos foram diminuídos drasticamente.
Com o início do século XX, o período do auge da exploração da borracha, ficou marcado, principalmente, pela vinda de muitos nordestinos para trabalhar na exploração do produto. Além disso, até aquele momento, a população que era majoritariamente indígena começou a ser dizimada em massa.
A partir daí, aconteceram as principais transformações no que diz respeito a desenvolvimento da capital, estruturalmente e demograficamente. Porém, com o final do ciclo da borracha o Amazonas experimentou uma intensa estagnação econômica.
Somente em 1950, por conta de investimentos do governo federal, é que a situação do estado começou a melhorar. Algum tempo depois, em 1967, com a criação da Zona Franca de Manaus, várias indústrias se instalaram na região, dando um novo impulso econômico para o estado.
Principais características do estado do Amazonas
O Amazonas (AM) é o maior estado brasileiro em extensão territorial, com 1.559.161,682 km², ou seja, quase um quinto de todo o território nacional. Ele está localizado na região norte do país, e o gentílico é o amazonense.
Ao norte, o estado faz divisa com Roraima e Venezuela, a noroeste está a Colômbia e ao leste o Pará, já ao sul, a divisa é com Rondônia, a sudeste está o Mato Grosso e por fim, ao sudoeste com o Peru e o Acre.
O estado conta com 62 municípios, divididos em 13 microrregiões:
- Alto Solimões
- Boca do Acre
- Coari
- Itacoatiara
- Japurá
- Juruá
- Madeira
- Manaus
- Parintins
- Purus
- Rio Negro
- Rio Preto da Eva
- Tefé
Em 2015 o Produto Interno Bruto (PIB) do Amazonas era de R$ 86,560 bilhões, enquanto a renda per capita era de R$ 21.978,00.
Bandeira do Amazonas
A bandeira do Amazonas foi oficialmente adotada em 1962, tendo como principais cores o branco, vermelho e azul. No canto superior esquerdo, dentro do cantão azul, há 25 estrelas. Elas representam os 25 municípios que formavam o território em 1897. A maior delas, no centro, representa a capital, Manaus.
As duas faixas brancas representam a esperança, enquanto a faixa vermelha significa as dificuldades já superadas.
População
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2017, a população do estado era de 4.063.614 habitantes. O Amazonas tem uma densidade demográfica de 2,58 habitantes por km², o que faz dele um dos menores neste sentido.
A maioria dos habitantes do estado reside em áreas próximas aos rios, e boa parte, vive na zona rural.
Justamente por conta da migração de nordestinos da época do ciclo da borracha, eles, juntamente com os indígenas, possuem uma parcela importante na formação da população. O Amazonas é o estado brasileiro com o maior população indígenas. São aproximadamente 168,6 mil indivíduos, membros de 65 grupos étnicos distintos.
A expectativa de vida média dos amazonenses é de 71,9 anos. Já o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em 2010, era de 0,674, considerado médio.
Manaus
A capital do Amazonas é a cidade de Manaus. A cidade é, portanto, o principal centro urbano do estado. Fundada em 1669, a cidade tem, hoje, 2.130.264 habitantes, sendo considerada a cidade mais populosa de toda a Amazônia.
Principais cidades
Além de Manaus, outros centros urbanos importantes do Amazonas são:
- Coari
- Manacapuru
- Tefé
- Parintins
- Tabatinga
- Itacoatiara
Relevo
No que diz respeito ao relevo, o Amazonas segue os padrões das demais localidades da região Amazônica, ou seja, as principais formações geológicas são as depressões e planícies.
Algumas das principais variações do relevo são:
- Planície do Rio Amazonas
- Planaltos Residuais Norte-Amazônicos
- Planalto da Amazônia Oriental
- Depressão Marginal Norte-Amazônica
- Depressão da Amazônia Ocidental
- Depressão Marginal Sul-Amazônica
A título de curiosidade, na planície do Rio Amazonas as altitudes são variáveis entre 100 e 200 metros acima do nível do mar. Já no planalto da Amazônia Oriental elas variam de 400 a 500 metros.
As maiores altitudes são registradas nos planaltos Residuais Norte-Amazônicos, podendo ultrapassar os 1.500 metros de altitude. Um dos pontos mais altos do Brasil está neste local. O Pico da Neblina tem 3.014 mil metros de altitude e fica na fronteira com a Venezuela.
Clima
Em função da sua proximidade com a linha do Equador, o clima predominante é o equatorial, ao contrário de boa parte do Brasil, que possui clima tropical.
O clima, por sua vez, é caracterizado principalmente pelas altas temperaturas e a grande quantidade de chuvas. Um fator está diretamente ligado ao outro, já que as altas temperaturas aumentam o nível de evaporação e consequentemente os índices pluviométricos.
Ainda que as chuvas estejam bem distribuídas no decorrer de todo o ano, há estações bem definidas, com um curto período de seca nos meses de julho e agosto em algumas regiões.
A temperatura média é de 31,4ºC, enquanto os índices pluviométricos vão de 1.750 mm e 3.652mm. Já a umidade relativa do ar varia entre 80 e 90%.
Vegetação
Neste quesito, o maior destaque do estado é a presença da Floresta Amazônica, que é a maior do mundo. Por conta da enorme biodiversidade, ela é alvo de muitos países e muitas multinacionais. São mais de 2.500 espécies de árvores e mais de 30 mil plantas
A Amazônia é um importante bioma, inclusive, o maior brasileiro, além do estado do Amazonas, ele engloba os países vizinhos, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname.
Somente a parte brasileira possui 4.196.943 milhões de km². A vegetação é densa e formada por árvores grandiosas.
Por conta da extensão, a Floresta Amazônica sofre muitas variações em sua formação, o que faz com que em cada região ela seja classificada de uma maneira. Sendo que as que mais se destacam são a Mata de Várzea, Mata de Terra Firme e Mata de Igapó.
De acordo com dados do IBGE, ela pode ser classificada na seguinte maneira:
- Savana
- Cerrado
- Campo
- Campinarana
- Formações pioneiras de influência fluvial (vegetação aluvial)
- Área de tensão Ecológica
- Floresta Ombrófila Densa (Floresta Pluvial Tropical)
- Floresta Ombrófila Aberta (Floresta de Transição)
Entre as principais espécies da flora, podemos citar: seringueira, castanheira, açaizeiro, andiroba, ipê, jatobá, copaíba, palmeira, sibipiruna, pupunheira, bacurizeiro, vitória-régia e mais uma infinidade de exemplares.
Um dos problemas mais sérios que o estado enfrenta está diretamente ligado à floresta. Em virtudes de ações humanas exploratórias, principalmente relacionadas à agropecuária e atividades madeireiras, estima-se que aproximadamente 20% deste bioma já foi degradado. Alguns estudiosos, afirmam, inclusive, que ele já chegou a um ponto irreversível.
A destruição da Floresta Amazônica, que é reconhecida como patrimônio da humanidade pela Unesco, causa um grande prejuízo para o Brasil, América do Sul e até mesmo a nível mundial. Além da importância da biodiversidade, a floresta tem forte influência nas chuvas e regulação do clima mundial.
Hidrografia
Outro ponto de suma importância, além da vegetação, é a hidrografia do estado. Nele, está o rio de maior volume de água do mundo, o Amazonas. Ele possui 6.570 km de extensão, e volume de aproximadamente 100.000 m³. Ele pode alcançar os 10 km de largura e 100m de profundidade.
Sua nascente está na Cordilheira dos Andes, no Peru, e é formado pela junção de dois importantes rios do estado, o Negro e o Solimões. Esta confluência forma a maior bacia hidrográfica do país, e uma das maiores do mundo, a Bacia Amazônica, uma das maiores reservas de água doce do planeta.
Além destes, são importantes os rios Juruá, Purus, Trombetas, Javari, Xingu, Madeira, Içá, Uaupés e Japurá. A formação da bacia, conta, ainda, com uma série de lagos de várzea, córregos, restingas, praias, igarapés e matas inundadas.
No Amazonas, o rios são essenciais à sobrevivência de boa parte da população, que é constituída majoritariamente por ribeirinhos. Além disso, as hidrovias constituem parte fundamental do transporte amazonense.
Fauna
Justamente por conta da Floresta Amazônica, o estado registra uma enorme variedade de animais. Veja alguns exemplos da fauna do Amazonas:
- Anta-pretinha
- Preguiça-comum
- Arara-canindé
- Arara-vermelha
- Onça-pintada
- Sucuri
- Anta-brasileira
- Tamanduá-bandeira
- Gavião-real
- Cutia
- Macaco-aranha
- Jaguatirica
- Suçuarana
- Tucano
- Peixes de água doce
- Macaco-prego
Economia
Ao pensar na economia do estado do Amazonas, uma das primeiras coisas que vem à cabeça é a Zona Franca de Manaus, uma área altamente industrializada, que foi criada no final da década de 50 com o objetivo de integrar a região ao restante do país.
Porém, as principais atividades econômicas do estado fazem parte do setor primário, tendo como grande destaque, as atividades extrativistas, sejam elas animais, minerais ou vegetais. Abaixo, listamos os principais produtos provenientes de cada uma delas:
- Animais: peixes de água doce, bovinos e bubalinos;
- Minerais: nióbio, estanho e calcário;
- Vegetais: castanha do Pará, borracha, madeira em toras, babaçu e açaí.
Hoje, a Zona Franca recebe o nome de Polo Industrial de Manaus, lá, estão concentradas uma série de indústrias, responsáveis por boa parte da produção de eletroeletrônicos, motocicletas, além do beneficiamento de alguns minerais
Além da integração com o restante do país, o local é extremamente importante para a geração de empregos na região, uma vez que há poucas opções de atividades econômicas para gerar renda para a população.
Culinária típica
A culinária amazonense é tida como uma das mais exóticas do Brasil, principalmente por manter muitas raízes indígenas, e ter poucas influências portuguesas e africanas.
As comidas mais tradicionais do Amazonas são a caldeirada de peixe, pirão de ovos de tartaruga, pirarucu frito, pacicá, caldo de tambaqui, banana pacovã frita, tapioca de tucumã, maniçoba e o x-caboquinho.
Problemas atuais do Amazonas
Assim como em outros estados brasileiros, um dos maiores problemas do estado são os altos índices de violência. Somente entre 2005 e 2015, o número de homicídios aumentou 145,7%, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Nesse sentido, o sistema penitenciário do estado sofreu uma grave crise em 2017. Na época, quase 60 presos morreram em uma rebelião no no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus.
O estado registra, ainda, altos índices no que se refere a mortalidade de negros, mulheres e em decorrência de intervenção policial.
De acordo com dados do IBGE, o índice de analfabetismo em 2017 era de 6,2%. Ainda segundo o órgão, o Amazonas possui a sexta maior taxa de mortalidade infantil do país. A cada mil crianças nascidas vivas, 19,4 não completaram o primeiro ano de vida em 2014. Ambos são importantes indicadores socioeconômicos.