A preparação para concursos públicos envolve uma série de fatores. Porém, um dos que mais se destaca, é o total domínio do conteúdo previsto pelo edital. Ainda que ele não seja cobrado em sua totalidade, é impossível prever quais pontos cairão na prova. Por conta disso, não há conteúdo mais, ou menos, importante.
As matérias de cada certame são variáveis, porém, os concursos e processos seletivos regionais têm algo em comum, a frequente cobrança de história e geografia do estado de origem da seleção.
No Pará não é diferente. Estes temas estão sempre presentes no conteúdo programático, fato que faz com o que os concurseiros paraenses precisem ter as matérias na ponta da língua.
Se você é um destes, e está em busca da matéria de geografia do Pará para concursos, fizemos um apanhado sobre os principais assuntos que podem estar presentes nas provas.
Contexto histórico e formação
A região que compreende o estado do Pará só foi consolidada como território português no século XVII. Antes disso, os primeiros europeus a chegarem ao território foram os holandeses e ingleses.
É de 1616 a Fundação do Forte do Presépio, construído pelos portugueses com o intuito de firmar o domínio sob a região. Ele foi construído em Santa Maria de Belém do Grão-Pará, local onde hoje está a capital do estado, Belém.
Contudo, o objetivo não era apenas a preservação do território de invasores portugueses. De olho na biodiversidade amazônica, havia interesse de realizar explorações de cunho econômico. De forma que, ao contrário do restante do país, na economia local, a monocultura deu lugar ao extrativismo.
A exploração foi marcada pelo extermínio e escravização dos índios que habitavam o território. Além disso, os holandeses e ingleses que já encontravam-se no território apresentaram certa resistência.
Em meados do século XVIII, o território onde hoje está o Pará, fazia parte de duas capitanias, a do Grão-Pará e a do Maranhão. Por conta das políticas empregadas pelo Marquês de Pombal, a região experimentou uma série de avanços.
Além de providenciar a colonização do território, ele investiu na levada de profissionais de várias áreas. Cientistas, arquitetos, engenheiros foram levados para lá, de modo que no início do século XIX Belém já era um centro urbano de destaque.
Quando o Marquês de Pombal deixa o governo da região, ela vive um período de estagnação. A recuperação só teve início a partir do final do século XIX, em função do ciclo da borracha. A cidade de Belém foi mundialmente reconhecida por conta da alta produtividade desta atividade.
A prosperidade da época fomentou o desenvolvimento do comércio e da indústria. Porém, por conta do declínio da atividade, novamente o estado viveu um período de baixo desenvolvimento.
Foi somente na segunda metade do século XX, em virtude do crescimento das atividades agrícolas e do extrativismo do ouro de Serra Pelada e do ferro da Serra de Carajás e que a economia do estado ganhou novos impulsos.
Sobre o estado do Pará
O Pará é um estado brasileiro, representado pela sigla PA. Está localizado na região norte do país. Seus estados limítrofes são o Amazonas a oeste, Mato Grosso ao sul, Tocantins ao sudoeste, Maranhão ao leste e por fim, Amapá, Guiana, Roraima e Suriname ao norte.
Seu nome tem origem na língua tupi, e quer dizer “mar”. Quem nasce no estado é chamado de paraense.
Com uma área de 1 247 954,666 km², é o segundo maior estado brasileiro em extensão territorial. A título de comparação, é maior que os quatro estados da região sudeste juntos. Está dividido em 144 municípios e estes, em sete mesorregiões e 22 microrregiões, da seguinte maneira:
- Baixo amazonas: Almeirim, Óbidos e Santarém;
- Marajó: Arari, Furos de Breves e Portel;
- Metropolitana de Belém: Belém e Castanhal;
- Nordeste Paraense: Bragantina, Cametá, Guamá, Salgado e Tomé-Açú;
- Sudeste Paraense: Conceição do Araguaia, Marabá, Paragominas, Parauapebas, Redenção, São Félix do Xingu e Tucuruí;
- Sudoeste Paraense: Altamira e Itaituba.
Bandeira do Pará
A atual bandeira do Pará foi adotada em 1890. A faixa branca que está na diagonal foi “projetada como um espelho horizontal” e representa o Zodíaco. Além disso, faz referência ao rio Amazonas e a linha do equador.
A estrela azul localizada no centro simboliza o estado, que na bandeira do Brasil é representado pela Espiga, que é a estrela alfa de primeira grandeza da constelação de Virgem.
Na bandeira nacional é a única estrela posicionada acima da faixa dos dizeres “Ordem e Progresso”. Isso porque na época da Proclamação da República o Pará era o estado cuja capital era a mais setentrional do país. Outra explicação, é que foi a última província a aceitar a independência do Brasil em relação a Portugal.
Já o vermelho simboliza a força do sangue paraense, em memória às lutas nas causas da adesão do Pará à Independência e à República.
População
De acordo com a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2017 o estado do Pará tinha uma população de 8 366 628 habitantes, o que faz dele o nono estado mais populoso do Brasil, e o mais populoso da região norte.
Apesar disso, por conta da grande extensão territorial, é um estado pouco povoado. A densidade demográfica é de 6,7 hab/km². A maioria da população está concentrada em áreas urbanas, aproximadamente 68,5%.
Antes da ocupação do território pelos portugueses, o território que hoje compreende o estado do Pará foi um dos com maior população indígena. Algumas das tribos que habitavam o local são os Caiapós-xicrins, Uaianas, Amanaiés, Assurinis-do-xingu, Parakanã, Paracatejê-gavião, Xipaias, entre muitas outras.
Ao longo do tempo essas populações foram dizimadas, quase que integralmente. Em 1500, estima-se que havia mais de 5 milhões de indígenas no Brasil, número que hoje, não ultrapassa os 500 mil habitantes, ou 0,25% da população.
Atualmente, de acordo com dados da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), no território do Pará há 31 etnias indígenas, que somam aproximadamente 27 mil índios.
Também são registradas algumas comunidades de remanescentes de antigos quilombos, e altos índices de descendentes de imigrantes europeus e japoneses, o que faz com que a população seja bastante miscigenada. Abaixo, está o detalhamento da formação étnica do Pará.
- Pardos: 73%
- Brancos: 23%
- Negros: 3,5%
- Indígenas: 0,6%
Economia
A economia do estado do Pará está baseada em diversas atividades, com destaques para o extrativismo mineral e vegetal, onde a produção madeireira se sobressai, além da agropecuária, indústria e turismo.
No extrativismo mineral, recorrente no sudeste do estado, os produtos de maior destaque são o ouro, bauxita, manganês, ferro, estanho e calcário. Atualmente, Parauapebas é a cidade responsável pela maior produção mineral.
A pecuária também se evidencia no sudeste. Só o rebanho bovino conta com com mais de 14 milhões de animais.
A agricultura tem maior destaque no nordeste. Os produtos de maior notoriedade são o coco da Bahia, açaí, soja, mandioca, milho e arroz. Destaque para a pimenta-do-reino, em que o estado figura como maior produtor do Brasil e para a cidade de São Félix do Xingu, que é o município com maior produção de banana.
A indústria está concentrada principalmente na região metropolitana de Belém, em específico nos distritos industriais de Ananindeua e Icoaraci, além dos municípios de Barcarena e Marabá.
Belém e as principais cidades
A capital do estado do Pará é Belém. Uma das cidades mais antigas do Brasil, ela foi fundada em 12 de janeiro de 1616. É, portanto, uma cidade história. Seu desenvolvimento está diretamente ligado com as margens da baía Guajará.
Belém é uma cidade portuária, que possui aproximadamente 1 452 275 habitantes, consolidando-se como a cidade mais populosa do estado e o segundo da região norte.
Além do Pará, exerce, ainda, uma influência significativa em diversos aspectos nos estados do Tocantins e do Amapá, é tida, portanto, como uma metrópole regional.
Além dela, outras cidades importantes do Pará são:
- Altamira
- Marabá
- Ananindeua
- Santarém
- Dom Eliseu
- Castanhal
- Abaetetuba
- Cametá
- Paragominas
- Parauapebas
Relevo
Em relação ao relevo, as formações baixas e planas são predominantes. A maior parte do território, aproximadamente 80%, possui relevo que não ultrapassa os 300m. Entre estes, mais de 50% são planícies, que não ultrapassam os 200m em relação ao nível do mar.
Nas planícies litorâneas, uma formação muito comum são as falésias, estas, por sua vez, provenientes dos processos erosivos naturais, principalmente em função das alterações no nível do mar ocorridas há milhares de anos. Estas falésias, que são paredões íngremes, variam entre 5 e 20m de altura.
O ponto mais alto do estado é a Serra do Acari, com altitude de 1906m. Outros pontos com altitude significativa são a serra dos Carajás e serra do Cachimbo.
Clima
O clima do Pará é equatorial, que se caracteriza por ser quente e úmido. As chuvas são frequentes e estações secas não são registradas. A região tem duas estações bem definidas: o verão, que vai de julho a outubro e o inverno, de novembro a junho.
Enquanto a primeira registra temperaturas máximas de que ultrapassam os 35ºC, na segunda as temperaturas mínimas podem ser inferiores a 19ºC. A temperatura média anual é de 27ºC.
Vegetação
Praticamente toda a vegetação do estado do Pará é formada pela Floresta Amazônica, em menor quantidade, há mangues, campos e cerrados. Os mangues estão presentes principalmente no litoral, já os campos se destacam na Ilha de Marajó e o cerrado na região sul.
É grande a variedade vegetativa, com maior notoriedade para cinco tipos de vegetação:
- Mata de Terra Firme
- Mata de Várzea
- Mangue
- Campo
- Cerrados
Principalmente nos locais de maior incidência da Floresta Amazônica, há uma enorme diversidade de espécies animais e vegetais.
Na flora, as principais espécies encontradas são a Copaíba, Mogno, Cedro, Buriti, Vitória-Régia, Mamorana, Orquídeas, Ajiru, Castanha-do-Pará, Acapu, Açaizeiro, Andiroba, Seringueira, Maçaranduba, Cajueiro, entre outras.
Fauna
Entre as principais espécies encontradas na fauna paraense, estão:
- Arara Canindé
- Ararajuba
- Capivara
- Guariba-de-mão-vermelha
- Tucandeira
- Pavãozinho-do-pará
- Guará
- Gavião-real
- Preguiça-de-três-dedos
- Macaco-de-cheiro
- Coatá
- Tucano-do-peito-branco
- Veado-mateiro
Hidrografia
A bacia hidrográfica do Pará é extremamente importante para o país. Ela abrange uma área de 1.253.164 km², sendo 1.049.903 km² pertencentes à bacia Amazônica e 169.003 km² pertencentes à bacia do Tocantins-Araguaia.
No estado, estão localizados alguns dos mais importantes afluentes do rio Amazonas, como por exemplo, os rios Tapajós, Xingu, Curuá, Trombetas, Nhamundá, Maicuru e Jari.
Alguns dos rios mais importantes presentes no território são: Amazonas, Pará, Tocantins, Tapajós, Jari e Xingu.
A rede hidrográfica paraense garante ao estado duas importantes vantagens, que é o potencial hidroenergético avaliado em mais de 25.000 MW e a facilidade da navegação fluvial, necessária principalmente pela expressiva população ribeirinha.
Culinária típica
A culinária paraense é única. Isso porque grande parte dos ingredientes utilizados nos pratos são locais, o que a torna tão singular e difícil de ser reproduzida em outros locais.
A influência predominante é indígena, e por este motivo, há quem a considere um tanto quanto exótica, principalmente pelo uso de ingrediente como o jambu e o tucupi. Veja, abaixo, quais são as comidas típicas de maior destaque no estado do Pará:
- Tacacá
- Chibé
- Mujica
- Pato no tucupi
- Maniçoba
- Vatapá do Pará
- Açaí
- Filhote
- Caruru do Pará
- Caranguejo
- Sorvete Cairu
- Castanha-do-Pará
- Farinha d’água
Realidade e principais problemas
Um dos maiores desafios para os gestores do governo do Pará sãos os altos índices de violência urbana. No estado, estão quatro dos 30 municípios mais violentos de todo o Brasil: Altamira, Ananindeua, Marabá e Marituba. Os dados são do Atlas da Violência 2017, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Outro indicador socioeconômico importante para ser levado em consideração, é o índice de mortalidade infantil. De acordo com o IBGE, em 2014, a cada mil crianças nascidas vidas, 17,9% não completaram o primeiro ano de vida. Isso coloca o estado em 11º entre as unidades federativas no Brasil.
Outro ponto relevante, é que o Pará tem um dos piores índices de saneamento básico do país. De acordo com pesquisa do Instituto Trata Brasil, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), somente 4,92% do esgoto é coletado, ao passo que apenas 1,18% do esgoto é tratado.